sábado, setembro 11, 2021

EU, NÃO, A-CRE-DI-TO! EU, NÃO, A-CRE-DI-TO! (*)

 

Podem fazer as análises que quiserem. A favor ou contra o arrego de Bolsonaro. Podem acreditar na moderação de Heleno e Mourão. Em toda a lógica passapanista de apoiadores frustrados. Nós não fomos induzidos, convidados, a ir para as ruas no 7 de setembro para isto. Podem tergiversar quanto quiserem, mas Bolsonaro de há muito vem sendo claro: “eu farei o que vocês me pedirem”. E em resposta uma parcela significativa da sociedade brasileira disse, em síntese: “limpe o STF” e “implante o voto auditável”. Simples assim.

Eu não acredito na existência de qualquer possibilidade de negociação democrática quando se está numa guerra[1] pela tomada do phoder, por razões históricas, psicológicas, e da simples observação do que estou assistindo. E seria leviandade e arrogância minhas julgar o Presidente sem ter o menor conhecimento do que acontece em meio às paredes dos principais prédios da República. Eu sempre imagino como deve ser difícil estar naquela cadeira lidando com pressões por intere$$e$ desejados (mesmo que republicanos) e, no caso dele, tantos intere$$e$ prejudicados (mesmo que republicanos). Basta lembrar: políticos, partidos, sindicatos, entidades como MST, MTST, ONGs cujos interesses nunca são claros, empresários amigos do Rei, verbas publicitários a veículos da mídia que sumiram, ameaças de perda de concessão, os possíveis afetados por uma reforma administrativa (“desde que eu não perca meus privilégios e ‘direitos adquiridos’”), empresas temerosas de uma reforma tributária (que só é boa se “me beneficiar”) etc. etc. etc.

A História mostra que como resultado de qualquer embate, haverá, ao final, um vencedor e um perdedor. Quem acredita num recuo de Moraes está se enganando, está cego para o fato evidente de que ele está a serviço de “alguém”, ou, no mínimo, de uma “causa”. Se de alguém, até agora não se sabe de quem. Se de uma causa, está claro que não é a da democracia, nem da liberdade de expressão, muito ao contrário, sua intenção é de ELIMINAR qualquer dissonância com os propósitos socinistas[2]. Moraes não vai parar. No momento ele só contemporizou para não ser ingrato com Temer, seu tutor e quem o nomeou para o STF. É só esperar para ver.

A psicologia, que trata de entender as nuances da mente humana, mostra que reconhecer um erro é mais do que uma dificuldade que temos como indivíduos, e é, na maioria das vezes, uma total impossibilidade[3]. Mas quando se chega à beira da derrota, não há outro fim a não ser a da derrota por nocaute, pois, se entregar, nunca está nos planos daquele que se encontra combalido.

Já a observação dos acontecimentos da vida me mostra, todos os dias, todas as horas, em todas as situações, que na ação humana o que predomina é o interesse particular, é a genética egoísta - estudada e explicada por Richard Dawkins -, que nos conduz (e não como um imperativo moral). Esta constatação é que me leva a deixar as tantas perguntas incômodas para as quais ainda não temos respostas minimamente satisfatórias:

  1. O que justifica um “eminente” jurista, elevado a Ministro do STF, declarar em discurso na suprema corte que “quem não quer ser criticado que fique em casa” e pouco tempo depois ser autor do “inquérito do fim-do-mundo” que, por qualquer crítica feita em redes sociais a ele ou a seus pares, autoriza prisões a arrepio da Constituição?
  2. O que justifica outro “eminente” advogado, também integrante do STF, em solene evento de apresentação da urna com voto impresso auditável tenha declarado que “Na vida, a gente deve trabalhar para minimizar o risco de problemas e não para aumentá-los. A sabedoria não é vencer os problemas, mas evitá-los quando possível”. Entretanto, agora, quando o Presidente Bolsonaro propõe a implantação de tal recurso, ele se agarra ferrenhamente à posição de ser contra tal processo auditável, chegando a ponto de dizer que a "garantia” da inviolabilidade das urnas e da legitimidade da totalização é expressa num "podem confiar em mim"!!!???
  3. Qual a fortíssima razão para que o STF, através de um ato de um de seus ministros, prende um deputado em flagrante atentado à imunidade parlamentar prevista na Constituição e em absurdo desrespeito pelo poder Legislativo? E, em decorrência, o que sustenta a não reação do Congresso?
  4. Como entender as tantas quebras inconstitucionais de sigilo bancário e telemático de empresas de atuação na mídia digital, sem qualquer e mínima acusação, enquanto negam até hoje a quebra destes mesmos sigilos de Adélio e seus advogados? Será que tem mandatário do atentado que não pode ser descoberto?
  5. ... Você pode seguir com a lista de exemplos tomados da ação de outros “Supremos”; prisões de jornalistas, dona-de-casa, cantor sertanejo, líder de caminhoneiros etc.

Eu fico por aqui, pois meu objetivo é imaginar onde atos como esses vão nos levar, porque, não duvide, eles vão continuar a acontecer. Eles vão continuar a atacar qualquer coisa que o governo faça e Bolsonaro fale. Os partidos de oposição vão continuar a judicializar qualquer decisão do Congresso. A imprensa continuará a falsear desavergonhadamente os fatos mesmo que imagens a desmintam. A “intelligentsia” nacional e internacional esquerdopata vai continuar a usar a novilíngua para desqualificar tudo e a todos. Empresários que progrediram encostados nas benesses do Estado petista, vão continuar a desejar e apostar na volta do “ancien régime”, com 9Fingers ou com “terceira via”.

Antes de terminar, quero apresentar um outro raciocínio que vou deixar para o Leitor avaliar se é o que acontece por trás dos véus negros que impedem uma visão realística do que acontece no planalto central e, se sim, qual a relevância para o processo eleitoral de 2022.

Pensem comigo. As facções criminosas têm em Bolsonaro (ou em qualquer governo que apoie valores conservadores) o maior inimigo. Seja porque eles não querem ver aprovadas leis que permitam a posse e o porte de armas para o cidadão de bem se defender, seja porque a ideologia “progressista” protege bandidos sob o argumento de que são “vítimas” da sociedade, não é razoável supor que os grandes chefões do crime e do tráfico nacional e internacional de drogas estejam MUITO interessados no processo político-eleitoral? E se aceita esta tese, não é óbvio imaginar que estejam “investindo” recursos para terem seus interesses atingidos? E não é possível imaginar ainda que tais atuações, não conhecidas, possam estar sendo de pressão (até de ameaças à vida) sobre agentes aparelhados dentro do Estado para mexerem “pauzinhos” aqui e ali para contribuir com o plano geral? É só uma pergunta.

A multidão avassaladora de uns “poucos mil”[4] pelo Brasil afora no 7 de setembro e em datas anteriores, é fundamental para a resistência dos que não aceitam se tornar escravos de uma “ditadura do proletariado[5]. Teremos que ir às ruas mais vezes sempre que percebermos necessário, e lembrando que não basta fazer o melhor que podemos, temos que conseguir o que queremos[6].  Mas não coloco um centavo de real na aposta de um acordo que permita o país voltar a uma normalidade institucional e na possibilidade de Bolsonaro chegar às eleições de 2022 sem uma forte ruptura. Os intere$$e$ prejudicados pelos atos do governo Bolsonaro são muitos e grandes. Há uma quantidade enorme de perdedores de 2018 além do PT. A corda vai continuar a ser esticada e a normalidade desejada por nós só virá quando ela finalmente arrebentar deixando agentes caídos por todos os lados, dos dois lados. É por isto que...

EU, NÃO, A-CRE-DI-TO! EU, NÃO, A-CRE-DI-TO!

(Ler com a entonação que o povo dá nas ruas.)

(*) Acompanhe a nova página/aba LOG 7/9 onde vou procurar manter a cronologia dos atos relativos e consequentes às manifestações do dia 7/9/21. 


[1] Sobre a mensagem do Presidente, está na pauta em parte da netmídia a fala de Churchill sobre o acordo celebrado por Chamberlain:  "Entre a desonra e a guerra, escolheste a desonra, e terás a guerra".

[2] Socinistas e socinismo, são expressões que venho usando para identificar o pacote, na maioria das vezes, indistinguível entre socialismo e comunismo, entre socialistas e comunistas.

[3] Recuar não possível, ou recuar é para tomar impulso, ou recuar é um ato de heroica dignidade?

[4] Veja e compare imagens, declarações e títulos de matérias nas redes sociais com as da mídia tradicional.

[5] Só uso a expressão “ditadura do proletariado” porque esta é a que os fãs de Marx e Gramsci usam para sintetizar seus objetivos.

[6] Ideia similar é atribuída a um discurso de Winston Churchill. Para muitas frases deste estadista, ver https://www.pensador.com/frases_de_winston_churchill/

3 comentários:

  1. Concordo com o raciocínio e conclusões. Acompanho o relator.

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  2. O Sistema acusou o golpe e ele foi bem no fígado.

    Nunca se viu neste país todos os agentes do Sistema se reunirem ao mesmo tempo contra uma corrente que está a cada dia se tornando uma força revolucionária. 7 de setembro foi somente uma reunião das pessoas indignadas com o autoritarismo “esseteefiano”. Pode ter certeza que só isto já assustou. Ninguém reúne tanto arsenal se não reconhecer que o inimigo é igual ou mais forte.

    Não podemos deixar o Sistema recuperar o fôlego e nem sequer dar um gole refrescante de qualquer líquido que esteja a sua frente.

    Vamos continuar nas ruas, nas redes, nas mentes. Estamos mais perto hoje do que ontem.

    Olhos abertos, ouvidos atentos e a bandeira ao alcance das mãos.


    Valeu PV!!!

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  3. Concordo com os comentários acima. Já valeu para mostrar que estamos atentos. Assustamos, mesmo que por pouco tempo. Até na guerra, às vezes, temos que recuar um passo para conseguir ir adiante mais tarde; a oposição quer que o ladrão volte pois ele não só rouba, ele deixa roubar!

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