A maioria de nossos políticos tem aparecido nos noticiários como venais, corruptos e ladrões, mas todos, em uníssono, proclamam um princípio jurídico básico na ordem social: "somos todos inocentes até que o Ministério Público prove o contrário e o STF, por incapacidade estrutural (é o alegado por seus ministros do Supremo), nos livrem de qualquer penalidade por decurso de prazo, permitindo que nos reelejamos e continuemos protegidos pelo foro privilegiado".
Três anos de operação Lava-Jato, dezenas de delações premiadas, centenas de políticos listados como beneficiários de caixa 2, mas todos, incrivelmente todos, se proclamam inocentes e alvos de empresários e executivos de grandes construtoras que, em conluio sabe-se lá como construído, combinaram contar à justiça uma mentirosa história fantasticamente coerente, com o único intuito de vingança por eles terem sido tão honestos e santos homens e mulheres no cumprimento de seus mandatos eletivos.
As provas existem (vídeos, áudios, comprovantes de depósito e remessa de valores para o exterior, percurso do dinheiro entre a conta bancária das empresas e o destino "off shore" etc.) e virão a público no correr dos processos.
Só algumas coisas permanecem exigindo explicações para fatos inexplicáveis.
Em tese só pode existir pagamento em caixa 2 se existir recebimento em caixa 2. Uma empresa para pagar sem comprovante tem que receber sem emissão de nota fiscal. Se fossem quantias pequenas, sempre se dá um jeito com notas de gasolina, restaurante, passagens etc. Para quantias maiores, no passado, a solução era via notas frias, mas hoje, com os cruzamentos de informação, não dá mais. Mesmo se ainda fosse possível, não daria para resolver bilhões de reais. Então, como valores da monta que estamos sendo informados saíram da contabilidade das construtoras? Em que rubrica do plano de contas elas foram lançadas? Investimento para retorno futuro? Ou, na outra ponta, como estes bilhões entraram no ativo das mesmas? Antecipação de receitas para cobrir despesas futuras?
Balanços de construtoras e fundos de pensão de estatais (ficando só nestes dois) não são auditados por ninguém? Será que os programas da Receita Federal possuem um desvio para um salto na rotina de confronto de informações quando a empresa em pauta está inclusa em alguma tabela "empresas privilegiadas"?
Como bilhões de reais, repito, BILHÕES de reais, transitaram em bits pelos céus do Brasil e durante décadas a Receita Federal, com todo o seu sofisticado sistema que questiona depósitos acima de R$ 1.000,00 mas, incrivelmente, tenha tido um comportamento tão "ninguém sabe, ninguém viu" em relação às propinas pagas à nossa oligarquia dominante?
A Receita Federal tem, na minha percepção, se feito de surda e muda quanto a tudo que ecoa pelas ondas sonoras em todas as frequências. A participação da Receita Federal na força-tarefa da Lava Jato, pelo menos nas coletivas à mídia, tem sido pífia. A impressão que tenho é que seus representantes nesses eventos estão metidos numa tremenda saia justa, torcendo para que nenhum jornalista faça uma pergunta constrangedora, e doidos para se verem fora dali. Ou não é nada disso e eu é que estou vendo fantasmas.
De qualquer forma, vou continuar aguardando explicações para o que até aqui é absolutamente inexplicável.
Essa é a pergunta que me faço diariamente..! De inde veio essa quantidade imensa de dinheiro e como entrou na Odebrecht??? Eu sempre achei que alguem com muito dinheiro poderia fazer um estrago nesse país, comprar nossa Bolsa de Valores, por ex. Mas minha imaginação nunca chegou a perceber que isso poderia acontecer nos poderes legislativo e executivo em bloco... A era da Inocencia acabou, até ontem nossas discussões politicas nas mesas de bares eram ingenuas, " votar com consciencia" era uma grande experiencias do laboratório da Odebrecht, éramos somente ratinhos brancos... Nada mais será como antes....
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