Hoje
faço apenas uma indicação de leitura.
Uma
questão que tem me aporrinhado as ideias é a de encontrar uma explicação para o
radicalismo negacionista que uma significativa parte dos influenciadores do
pensamento dos povos ocidentais (não sei o que acontece na outra metade do
globo) e manipuladores da tal "opinião pública" vem adotando, particularmente depois do ganho em repercussão e barulho
ampliados pelas redes sociais que passaram a ter relevância no dia-a-dia de
todos nós.
A
pergunta primeira e principal que me faço é: o que embota a mente de tantas
pessoas a ponto de defenderem radicalmente uma “solução” para a humanidade que tem
como base de sustentação a negação das características básicas do ser humano,
inclusive as evidentes características biológicas e as diferenças nas
individualidades psíquicas que elas provocam?
Evidentemente
vim sentindo certa angústia por não encontrar uma resposta minimamente
razoável, dado que não detenho o conjunto de conhecimento necessário. Mas tal
busca me trouxe algum resultado, resultado este que venho compartilhar com você
que me lê.
Acabei
de ler o excelente “Os Intelectuais e a Sociedade” de
Thomas Sowell, escrito em 2009 e que, em 9 capítulos, não faz exatamente uma
análise das origens do pensamento dos intelectuais ungidos, mas das práticas
que eles adotam, e nos dá uma ampla visão histórica de uma corrente de pensamento
intelectual que, sendo construída ao longo de muitas décadas, se tornou, em
minha opinião, uma verdadeira distopia, no sentido de que a meta principal é a
de, simplesmente, destruir todas as estruturas sociais e todos os que a este
movimento se opuserem, adotando uma gélida insensibilidade, tanto para os
conhecimentos que alcançamos sobre a psique humana, quanto para as consequências
presentes e futuras para a involução consequente que atingirá nossa civilização.
A
leitura desta obra não dá uma resposta peremptória para a minha pergunta, mas
nos apresenta a estrutura da “coisa” e acalma nosso coração ao podermos
identificar com mais clareza, mais evidência, o que ameaça a todos nós,
minimamente conservadores nos costumes e razoavelmente defensores do liberalismo na condução
de nossas vidas, e nos alerta para a necessidade de deixarmos a acomodação
respeitosa que adotamos, no caso do Brasil, nos 25 anos que o país esteve sob a
regência do pensamento “progressista”.
É
mais que hora de nos conscientizarmos que apenas com nossas ações efetivas, práticas
reais, poderemos opor uma resistência à altura da gravidade do momento e da
força do oponente.
Abaixo,
apenas para dar uma ideia do conteúdo da obra, listo todos os capítulos e anexo um ou dois parágrafos.
Chamo
sua atenção para o entendimento do termo “liberal” que, para os americanos, tem
o sentido que damos aqui ao termo “progressista”, ou seja, associado ao
pensamento dominante no partido democrata e à esquerda em geral, ou seja, nada
a ver com ser a favor do liberalismo econômico, muito pelo contrário.
Depois da leitura desta obra, pouco vai restar para você saber sobre as intenções destes "intelectuais ungidos" enraizados, principalmente, em todos os níveis da estrutura de governança do Estado.
Nota:
Entre colchetes [], observações minhas. Entre aspas mas entre colchetes, são
pensamentos reconstruídos por mim a partir de formulações do Sowell.
PREFÁCIO
Professor MarkLilla: Professores
distintos, poetas talentosos e jornalistas influentes reuniram suas habilidades
a fim de convencer, a todos seus ouvintes e admiradores, que os tiranos
modernos eram libertadores e que seus crimes hediondos eram nobres, bastava
vê-lo na perspectiva correta. Quem quer que se dedique a escrever,
honestamente, sobre a história intelectual do século XX na Europa tem que ter
estômago forte.
Mas ele precisará
de algo mais. Precisará superar seu nojo para que comece a ponderar sobre as
causas desse intrigante e estranho fenômeno.
CAPÍTULO 1 – OS INTELECTOS E OS INTELECTUAIS
[Para o intelectual desconstrucionista] A
plausibilidade ou não que uma nova idéia incita depende do que cada um já tem
incorporado como crença.[blog]
Eric Hoffer: Um dos privilégios
surpreendentes dos intelectuais é o fato de se encontrarem livres para serem
escandalosamente estúpidos sem, contudo, sofrerem qualquer abalo em suas
reputações.
CAPÍTULO 2 – CONHECIMENTO E NOÇÕES
Daniel J. Flynn:
Intelectuais tendem a ter um senso inflado de sua própria sabedoria.
[As elites educadas
se legitimam] como guias superiores, declarando que têm o direito de impor o
que deve e não deve ser feito na sociedade [pois] estão convencidas da
superioridade de seu conhecimento e de suas virtudes, uma fórmula certeira para
o desastre.
Membros da intelligentsia (...) não percebem a
necessidade de buscar informações factuais antes de expressar sua indignação.
CAPÍTULO 3 – OS INTELECTUAIS E A CIÊNCIA ECONÔMICA
[É Engels que tem
um espasmo de lucidez ao perguntar:] que garantia temos de que será produzida a
quantidade necessária de cada produto, nem mais nem menos, de forma a não
ficarmos privados de milho e de carne, enquanto ficamos entupidos de açúcar e afogados
em batatas (...).
Intervenções de
políticos (...) para favorecer um lado” provocam geralmente, a ambos os lados,
uma situação futura pior, mesmo que de maneiras distintas e em graus diversos.
CAPÍTULO 4 – OS INTELECTUAIS E AS VISÕES DE
SOCIEDADE
[O intelectual
ungido] se coloca num patamar moral superior, como alguém preocupado e misericordioso,
promotor da paz no mundo, defensor dos oprimidos, alguém que luta por preservar
a beleza da natureza e salva o planeta da poluição perpetrada por outros que
não comungam a mesma consciência.
[Nesta afirmação,
Sowell nos mostra que as acusações a Bolsonaro (e aos conservadores em geral)
nada têm a ver com o que Bolsonaro faz ou pensa, se constituem apenas “gritos
de guerra” para motivar a “tropa”.] As alegações que acusam oponentes ideológicos de racistas,
machistas, homofóbicos ou “incapazes de
entender a questão” são
geralmente empurradas pela intelligentsia,
substituindo refutações especificas sobre os argumentos discutidos.
CAPÍTULO 5 – REALIDADE PARALELA NA MÍDIA E NO MUNDO
ACADÊMICO
Fabricaram uma tela
através da qual nossa época contemporânea absorve informações manipuladas. –Jean-François Revel
É necessário
somente que aqueles que têm o poder de filtrar as informações, seja no papel de
jornalistas, editores, professores, acadêmicos ou produtores e diretores de
filmes [e hoje plataformas de redes sociais], decidam que há certos aspectos da realidade que as massas “não
compreenderiam corretamente” e que um senso de responsabilidade social clama,
por parte dos que detêm o poder de filtragem, pela supressão de alguns dados.
[Um repórter
americano se justificou por não ter publicado um determinado fato]: “fiquei
indeciso em escrever uma história que daria munição para nossos inimigos”.
CAPÍTULO 6 – OS INTELECTUAIS E A JUSTIÇA
Os economistas
costumam ver os direitos de propriedade como algo essencial para (1) manter a
tomada de decisões econômicas nas mãos de indivíduos privados, ou seja, fora do
controle dos políticos, e (2) para manter os incentivos dos mesmos indivíduos,
os quais investirão seu tempo, seus talentos e seus recursos movidos pela
expectativa de poderem colher e reter os frutos de seus esforços.
“Propósito público” pode significar quase que
qualquer coisa (...).
CAPÍTULO 7 – OS INTELECTUAIS E A GUERRA
Tempos ruins para
se viver são bons para se aprender. Eugene Weber.
[Já no final do
século XIX] já havia, entre muitos intelectuais, a ideia de se dirigir as
massas, uma ideia que incumbia a terceiros a tarefa de dar sentido para a vida
delas.
Esses vários
períodos que compõem a história da visão intelectual, ora favorável ora
contrária à guerra, precisam ser examinados uma a um.
CAPÍTULO 8 – OS INTELECTUAIS E A GUERRA: REPETINDO
A HISTÓRIA
Este capítulo sobre,
principalmente, a segunda guerra, não li pois não é um tema que tenho
interesse.
CAPÍTULO 9 – OS INTELECTUAIS E A SOCIEDADE
(...) professores escolares (...) expandem sua
influência, seja por meio de doutrinação ideológica dos alunos ou por sua manipulação
psicológica com o intuito de alterar os valores que esses estudantes receberam
dos pais.
(...) depois que os
programas de “educação sexual” foram introduzidos nas escolas norte-americanas
na década de 1960, coube aos pais o trabalho de colher os cacos e arrumar a
bagunça sempre que uma filha adolescente aparecia grávida ou um filho
adolescente contraía uma doença venérea. Nenhum professor ou nenhuma professora
teve que arcar com as consequências de nada (...).