sábado, fevereiro 08, 2025

HÁ DIFERENÇA ENTRE MORAL E ÉTICA?

Para uns sim, para outros não. Para mim...

Creio que todo mundo já se pegou em dúvida quanto ao significado destas palavras. Muitos não chegaram a uma conclusão e simplesmente largaram de pensar. Vida que segue. Mas há quem se apoquente com dúvidas existenciais, ou morais éticas. Éticas? Ou morais?

Eis que assisto no Youtube um “corte” de um podcast[1] exatamente com esta chamada, onde o entrevistado diz, basicamente, serem os termos equivalentes, sinônimos, e sustenta sua opinião na origem etimológica das palavras. Informa ele que “moral” vem do latim “mores” significando “costume”, enquanto “ethos” vem do grego, significando... “costume”. Consequentemente, “moralis” é o estudo dos costumes em latim, e “ética” é o estudo dos costumes em grego. Simples assim!

Huuummmm! Não é bem assim! Não pra mim.

Vamos por partes. Primeiro, e só pra não deixar passar, costumes latinos são idênticos aos costumes gregos? Deixa pra lá, isso não é relevante para esta discussão.

As raízes da língua portuguesa remontam a mais de dois mil e quinhentos anos, o que,, em princípio, é uma indicação do significado de uma palavra nos tempos modernos. Mas sendo a língua uma entidade viva, que se transforma por sua características de de interpretação subjetiva e maleabilidade de aplicação ao longo do tempo, para se estabelecer o significado presente de um termo, há que se ir um pouco mais fundo na história dos usos dos termos e verificar se não tomaram direções (nuances) diferentes, seja no âmbito erudito, seja no coloquial.

Não me parece ter sido aleatório que Aristóteles tenha dado o título de “Ética a Nicômaco” a uma obra sua que, se não a mais importante, a mais citada, em vez de usar “Moral a Nicômaco”[2]. Em sua escrita, o Filósofo[3]  se dirige ao filho, Nicômaco, mas na realidade  é uma mensagem aos cidadão que viviam sob as regras da polis grega. Não me parece razoável, portanto, que ele tenha pretendido dar “lição de moral” a seu pupilo[4]. Pesquisando na “Grande Rede”, encontrei uma afirmação atribuída ao Filósofo que mostra, IMHO[5], que até ele mesmo estava um tanto confuso quando disse – é o que dizem - que “a moral surge da natureza humana à medida que os seres humanos buscam a felicidade e o bem-estar social”. Danou! 

Analisemos a primeira proposição. Concordo que “a moral surge da natureza humana”, mas a moral nos psicopatas é completamente amoral! O psicopata já nasce psicopata, apenas ele e seus pais só irão descobrir isto quando ele se tornar ministro do STF, quando já será tarde demais.  Desculpem, não resisti!

Quando tratamos da moral, o fazemos como um valor positivo. Quando assumimos que somos indivíduos moralmente íntegros, estamos considerando que somos incapazes de pensamentos, sentimentos e intenções ruins em relação a quem e ao que quer que seja. Quando ajo de acordo com meus valores morais, não estou minimamente preocupado com a opinião, avaliação, interpretação de outrem. Simplesmente me sinto bem porque pensei e/ou agi em nome do bem. Até mesmo a “justiça pública”[6] lida com valores morais. Explico. Aplico a expressão “justiça pública” àquela que lida com os cidadãos a partir de um mesmo conjunto de valores reconhecidos e aceitos por toda uma sociedade. Nesta justiça, não há, pelo menos não deveria haver, nem casos nem indivíduos especiais, “TODOS são iguais perante a lei”[7].

Analisemos agora a segunda proposição. Concordo até “a página 2”[8] que os seres humanos buscam a felicidade e o bem-estar social”. Fora os “mentalmente desequilibrados” em alguma medida, os demais buscam também tal objetivo, pois está até na Constituição Estadunidense[9]. Mas esta não é uma busca moral, pois, me repito, até os psicopatas a buscam, e o fazem com métodos, em sua quase totalidade, amorais, ou até mesmo imorais[10].

E chegamos ao ponto de tratar a “ética” da maneira que a entendo. Acredito que quanto à moral todos estamos de acordo. O problema vem quando nos deparamos com falas, discursos, textos, que citam “a moral e a ética”, pois se os termos têm o mesmo significado, dispensaria o uso de um dos dois, e se são diferentes, teria que estar explicada tal diferença, o que nunca acontece, parecendo esta só existir nos recônditos da mente inescrutável do autor, se é que lá está!!!

Dita esta baboseira toda, vamos “aos finalmentes”.

Depois de muitos neurônios queimados, esfregados e coçados, apaziguei minha angústia “moral e ética” fazendo a seguinte diferenciação:

  A moral diz respeito ao "ser", ao íntimo, aos valores e atos que praticamos independente da cultura, das regras sociais ou da lei. Em síntese, a moral diz respeito ao que faço quando NINGUÉM está olhando e estou livre de julgamentos. Moral é compromisso com meus valores e não importando como foram adquiridos.

·  

A ética diz respeito ao "estar", ao meu exterior, às circunstâncias, às regras que devo respeitar quando inserido na família, na comunidade, numa empresa, em um clube de qualquer natureza e objetivo, em uma cultura, uma sociedade ou país, quando devo agir de acordo com a Lei, independente do meu Ser. Isto, obviamente, se naquele “meio” pretendo me manter, física e psicologicamente, vivo! Em síntese, a ética diz respeito ao que faço quando ALGUÉM está olhando e julgando o que estou fazendo frene a um "código de ética" acordado previamente. Ética é compromisso com valores de outros. Nada mais que “racionalidade prática! para melhor conviver em sociedade, como atribuído a Aristóteles.

Assim como às vezes é nebulosa a fronteira entre o "ser" e o "estar", é nebulosa a fronteira entre a "moral" e a "ética". Me ocorre um exemplo simples: estacionar por "pretensamente" alguns minutos na porta de garagem, é uma questão moral ou ética?

Para responder, talvez ajude observar que a ética não depende de valores morais consequentes da experiência humana vivida por séculos. A ética depende do tempo e espaço em que é exigida, ou seja, a ética é subordinada às circunstâncias. O médico é ético quando exerce sua profissão em estrito respeito às entidades responsáveis por normatizá-las e fiscalizá-las. Aliás, ao se formar e pretender exercer a medicina, há fazer o juramento de Hipócritas. Com o advogado, é ainda mais evidente quando seu trabalho é de defender um homicida confesso. Os valores morais, no exercício honesto de uma profissão, e digo, qualquer profissão, não são relevantes frente o “dever ao código de ética” ao qual a atividade em pauta está subordinada. 

Em minhas observações de casos e reflexões sobre eles, percebi que a moral diz respeito ao equilíbrio e paz de meu eu interior. A ética é o que devo praticar para o equilíbrio e paz com a minha relação com o exterior.

E para quase terminar, vou na mesma “vibe” de exemplo. Algo está muito errado quando um ministro do STF sentencia uma cidadã que escreveu em uma estátua “perdeu mané” - expressão esta dita e propalada por um membro do próprio Supremo -  por estar indignada com o escárnio de um ministro ao povo brasileiro e seu abuso de poder,  e tal ato é punido com uma sentença similar aplicada a um assassino, um traficante renomado de drogas, um estuprador, um pedófilo, ele está sendo absolutamente ético, pois agindo em conformidade, respeito e obediência a interesses e regras ditadas por um grupo que o aprova e sustenta em suas diatribes, por mais que também ele esteja sendo terrivelmente amoral.

Diz Guilherme Freire, o professor e filósofo do podcast, que a “busca da virtude”[11], que significa “rejeitar o vício”, é a base da moral. Você, Leitor, conhece ou consegue imaginar que possa existir um ser humano moralmente psicopata? E um humano psicopaticamente ético?

Fico por aqui.

 

Paulo Vogel

Neste meio, eu sou a mensagem.

Fev/25

 



[1] Podcast Café com Ferri, entrevista o professor de filosofia Guilherme Freire, figurinha já carimbada nas redes.

[2] Por favor, não me considerem pernóstico. Já tentei ler esta obra por duas vezes e não consegui chegar à metade. Se cito Aristóteles é por sua fama de possuir conhecimento e sabedoria em muitas áreas.

[3] O termo "filosofia" foi cunhado por Pitágoras, que o derivou das palavras gregas philo ("amizade", "amor") e sophia ("sabedoria"). 

[4] Ao pesquisar na Wikipedia pelo título da obra, me deparei com a seguinte afirmação: na obra “exposta a sua concepção teleológica e eudaimonista de racionalidade prática (...)”. !!!! Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica_a_Nic%C3%B4maco.

[5] Do inglês “In My Humble Opinion”, em português “em minha humilde opinião”.

[6] Em Aristóteles, se encontram definições de “Justiça Geral”, “Justiça Particular” etc. Optei por usar “Justiça Pública” por entender ser mais claro para o que digo.

[7] Artigo 5º da Constituição Brasileira que, desgraçadamente, não vale mais. Eis o que deveria ser respeitado caso valesse: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, (...)”.

[8] É só porque tenho uma tese sobre o “valor maior do interesse” como sendo a busca principal dos seres humanos. Um dia, quem sabe?, mostro minhas ideias.

[9] Assim está redigido o cabeçalho da Constituição Americana: “Nós, o povo dos Estados Unidos, a fim de formar uma União mais perfeita, estabelecer a justiça, assegurar a tranquilidade interna, prover a defesa comum, promover o bem-estar geral, e garantir para nós e para os nossos descendentes os benefícios da Liberdade, promulgamos e estabelecemos esta Constituição para os Estados Unidos da América”.

[10] Amoral: que não leva em consideração preceitos morais; estranho à moral.

Imoral: contrário ao pudor, à decência; libertino, indecente.

[11] “São 4 os elementos da virtude para o homem maduro: Temperança, coragem, justiça (não é igualdade, é senso de proporção no julgamento de equivalência das coisas) e prudência (sabedoria)”. Fonte: o Podcast já referido.


sábado, janeiro 25, 2025

SÓ ISSO VOCÊ PRECISA SABER SOBRE BITCOIN

 

Terminei a leitura de “O padrão bitcoin” [1], de Saifedean Ammous, e resolvi tentar fazer um resumo do mínimo necessário para nós, cidadãos “normais”, entendermos esse tal “dinheiro digital”. Considere tudo que esteja entre aspas e em itálico, como afirmações do Autor. Vamos lá.

Para aprender sobre “padrão digital” precisamos saber um pouco sobre o mais longevo e estável dos padrões baseados em “moedas sonantes”[2]: o “padrão ouro”. Tudo começou com a busca de “algo” que fosse difícil, custoso de ser obtido,  fácil de transportar, passível de divisão em unidades menores e, o mais importante,  aceitável  e confiável como elemento universal, tanto para a obtenção de bens e serviços – meio de troca -, quanto para armazenamento para uso futuro – reserva de valor. Depois de milênios de experiências de muitas diferentes culturas – gado, sal, conchas, pedra, cobre, prata etc. – o ouro foi o elemento que atendeu todas as exigências.  

Até a criação do bitcoin[3], qualquer que tenha sido o elemento usado como padrão monetário, ele foi controlado de modo centralizado. Nos séculos mais recentes isto vem sendo feito pelo Estado através de seu Banco Central, tornando o governo da ocasião o único produtor e distribuidor do dinheiro, podendo, com isto,  “manipular” seu valor a seu bel prazer e "interesse" ideológico”[4].

Não sei a ordem que Satoshi Nakamoto[5] seguiu, mas vou considerar que, primeiro de tudo, a ideia tenha sido retirar do Estado o poder sobre o controle da moeda. Ou seja, o poder de minerar[6] (criar, produzir, emitir) a moeda digital teria que ser de tantas entidades quanto fossem os indivíduos dispostos a minerar (achar) computacionalmente bitcoins denominados “nós da rede”[7]. Esta característica significou que o bitcoin pode ser “achado” por qualquer pessoa no mundo disposta a correr o risco de perder mais dinheiro do que o resultado da mineração!!!

Resumindo: bitcoin é obtido através de um processo computacional de mineração.

Para “achar” ouro é preciso investir em sua mineração enquanto o resultado da venda do item minerado (achado) resulte em um ganho maior que o custo de obtê-lo. E o que seria este item a ser encontrado? Nada mais que a solução de um problema matemático complexo! A solução “cria” bitcoins! Como?  Os nós são incentivados, por uma certa remuneração - fixa, mas decrescente - a competirem por quem encontra a solução primeiro. O nó vencedor ganha um prêmio[8] na forma de um crédito - feito pelo programa de computador - em sua carteira de bitcoins. Pronto! Estão criados bitcoins! Simples assim! Simples? Só posso estar de gozação com o Leitor!

Resumindo: a criação de bitcoin resulta da remuneração paga ao nó por vencer uma competição matemática.

“Para que o nó insira um bloco de transações no registro, ele precisa gastar poder de processamento na solução de problemas matemáticos complicados, difíceis de resolver.” E todo processamento tem um custo de energia.

“O Mecanismo do bitcoin para estabelecer a autenticidade e validade do registro é extremamente complexo e complicado, mas serve a um propósito explícito: emitir uma moeda e movimentar valor online sem a necessidade de confiar em terceiros.”

Não me pergunte por que, mas as transações financeiras são resolvidas em blocos com várias transações a cada 10 minutos. Só o que importa é que o passo-a-passo de cada uma delas é registrado em um livro-razão (só quem fez contabilidade vai entender) denominado Blockchain (cadeia de blocos) que é armazenado em TODOS os nós da rede. Tal sistema de redundância levada ao extremo, é o garantidor da confiabilidade do sistema. Além disso há um mecanismo chamado “prova de trabalho”, em inglês PoW (Proof of Work), que tem por objetivo dificultar a alteração de um blockchain, tornando mais caro para os criminosos tentarem fraudes. 

No fim das contas tudo o que alguém precisa saber sobre o bitcoin é que é uma moeda digital criada por um programa de computador para fazer transações financeiras a serem registradas em TODOS os nós da rede, propiciando uma confiabilidade extrema, pois para fraudar uma transação é preciso fraudá-la em TODOS os nós e a um custo não compensador.

Suponha, como exemplo, que você tem uma conta no banco A e faz uma ordem de transferência para uma outra pessoa. No sistema bitcoin, sua transação, para ser completada, terá que ser registrada e validada em TODOS os bancos da rede bancária.

O bitcoin:

1 - Não pode ser alterado.

2 - Mesmo numa eventual destruição nuclear e continuaria vivo e funcional

3 - A única maneira de desligá-lo é matar todos os servidores que o hospedam. Como estão distribuídos no mundo inteiro... fica difícil.

4 - A única maneira de matá-lo é torná-lo inútil.

 

“Com este design tecnológico, Nakamoto conseguiu inventar a escassez digital. O bitcoin é o primeiro exemplo de um bem digital que é escasso e não pode ser reproduzido infinitamente.”[9]

“Desvantagens econômicas da tecnologia Bitcoin:

1 - Redundância - Não há uma boa razão para um banco querer compartilhar um registro de todas as suas transações com todos os bancos, nem há uma razão para um banco querer gastar recursos significativos em eletricidade e poder de processamento para registrar as transações de outras instituições financeiras entre si.

2 - Escala - uma rede distribuída em que todos os nós registram todas as transações verá seu registro de transações em comum crescer exponencialmente mais rápido que o número de membros da rede.

3 - Conformidade regulatória - aplicar a tecnologia blockchain em indústrias fortemente regulamentadas, como direito ou finanças, com moedas diferentes de bitcoin, resultará em problemas regulatórios e complicações legais. Além disso. Um blockchain opera online através de jurisdições com diferentes regras regulatórias, portanto, o cumprimento de todas as regras é difícil de garantir.

4 - Irreversibilidade - quanto maior a rede, mais difícil é reverter qualquer transação equivocada. Erros humanos e de software ocorrem constantemente no setor bancário e o emprego de uma estrutura de blockchain resultará apenas na correção mais dispendiosa desses erros. Essa reversão é praticamente impraticável e improvável no bitcoin. Principalmente porque todas as partes da rede bitcoin só podem ingressar na rede concordando com as regras de consenso existente.

5 - Segurança - A segurança de Um banco de dados blockchain é totalmente dependente do gasto do poder de processamento na verificação de transações e na prova de trabalho. A tecnologia blockchain pode ser melhor entendida como a conversão de energia elétrica em registros indiscutíveis, verificáveis de propriedade e transações.”

 

“Converter Bitcoin em reais é uma tarefa bastante simples através das corretoras, sendo necessário apenas confirmar e executar a ordem. Via um livro de ofertas de compra e venda, gerido pela corretora, essas compras de pequeno e médio porte podem facilmente ser executadas.” ATENÇÃO (Disclaimer hipócrita): Esta não é uma indicação de compra, portanto, não venha a me atribuir responsabilidade sobre perdas que você vier a ter!!!

Encerrando, que já se faz hora!, deixo três observações.

De Michael Kremer, prêmio Nobel de economia: “O fator fundamental do progresso humano não são as matérias-primas, mas as soluções tecnológicas para os problemas”.

De Timothy May, engenheiro eletrônico : “A anarquia criptográfica é a realização ciberespacial do anarcocapitalismo, transcendendo as Fronteiras nacionais e libertando os indivíduos para fazer os arranjos econômicos que desejam fazer consensualmente”.

E final do final:

De Saifedean Ammous: “Para o bitcoin processar as 100 bilhões de transações que a VISA processa por ano, cada bloco precisaria ter cerca de 800 MB [hoje tem 1MB], ou seja, a cada 10 minutos, cada Nó do bitcoin precisaria adicionar 800 MB de dados em 1 Nó. Cada Nó de um bitcoin adicionaria cerca de 42 TB de dados, ou 42.000 gigabits ao seu blockchain. Tal número está completamente fora do domínio do possível poder de processamento de computadores disponíveis no mercado agora ou no futuro próximo”.

Paulo Vogel

Neste meio, eu sou mensagem.

Jan/25 



[1] Você encontra o extrato que fiz em http://www.hipocrisia.blog.br/ExtratoDePadraoBitcoin.htm; e mais informações em https://pt.wikipedia.org/wiki/Bitcoin e em https://cryptohead-io.translate.goog/what-are-the-math-problems-in-bitcoin-mining/?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt&_x_tr_pto=tc

[2] Moeda sonante é o termo usado para se referir a moedas de metal que estão em circulação num país.

[3] ATENÇÃO: bitcoin não existe fisicamente, ele é resultado de processamento de dados realizados por um programa como o que você utiliza em qualquer dispositivo eletrônico.

[4] Por exemplo, nos tempos antigos, tornando a liga do metal mais impura; nos tempos modernos, simplesmente “imprimindo” mais moeda, o que passou a ser conhecido como “moeda fiduciária”, processo que sempre resulta em inflação.

[5] Satoshi Nakamoto é o pseudônimo usado por uma rede de programadores (liderados por um japonês não identificado até hoje), para se comunicarem entre si. Sempre que eu citá-lo, portanto, estarei me referindo a esta rede de programadores.

[6] O termo foi inspirado no processo de extração de metais denominado de mineração. A criação de bitcoins resulta de um processo de mineração (procura), tal como o de minerar ouro.

[7] Há limites para a quantidade de nós assim como outros limites que o Leitor pode descobrir nos links já sugeridos.

[8] O valor do prêmio começou em 50 bitcoins e vem caindo à metade a cada 4 anos. Atualmente está em 3,125 BTCs.

[9] “De acordo com o cronograma criado por Nakamoto, a oferta continuará a aumentar a uma taxa decrescente. Aproximando-se de modo não regular a 21.000.000 de moedas em algum momento do ano 2140, momento no qual não haverá mais bitcoins emitidos. (...) A taxa decrescente de crescimento [aquela de 4 em 4 anos], no entanto, significa que os primeiros 20.000.000 de moedas serão minerados por volta do ano 2025, deixando 1.000.000 de moedas para ser extraído por mais um século.” Tal limite tem por base o que Saifedean afirma: qualquer oferta de moeda é suficiente para administrar qualquer economia”. 

  

quarta-feira, janeiro 01, 2025

ENFIM, A RESPOSTA!

 THE DAY OF TURNING POINT

 

Alvíssaras! Este primeiro dia de janeiro, para mim e depois de mais de 70 anos, ficará marcado como o primeiro dia em que começo e comemoro o Ano Novo com, finalmente, minhas esperanças no mais alto grau de expectativa!

Os últimos 7 anos, para todos nós que partilhamos e exaltamos valores humanos – família, moralidade, liberdade, integridade intelectual e respeito irrestrito à individualidade e autodeterminação -, foram pautados por indignação, revolta e incompreensão, fatores que nos levaram, consciente ou inconscientemente, a nos fazer uma só pergunta: “o que move e sustenta um homem a agir diuturnamente contra uma Nação”?[1]

A pergunta buscou resposta durante todos estes anos, mas neste final de 2024, nos Estados Unidos, precisamente no dia 27/12/24, um homem, Mike Benz, em entrevista ao podcast de Joe Rogan, trouxe a público as razões e as respostas para a angústia de todos nós.  Desde que percebi a “sina”  implacável e insana do sistema – conhecido como “o establishment”[2] –, primeiro contra a possibilidade de eleição de Bolsonaro e, depois dele eleito, a favor de derrubá-lo do poder ou pelo menos não permitir sua reeleição, só encontrei duas fontes de justificativa: 1) chantagem a partir de retaliação moral pública e/ou 2) a partir de ameaça à vida do chantageado ou de entes queridos[3]. A primeira se justificaria se alguma “entidade” acima da soberania nacional (de origem interna ou externa) com o pagamento pecuniário direto, imediato, pelo comprometimento e comprovação do agir segundo “as ordens”, ou, então, pela promessa de poder e fortuna quando do atingimento da meta fundamental. Estas duas únicas alternativas justificavam (e ainda justificam) que um homem – agindo com poder delegado - representando os interesses imediatos de um grande aglomerado de instituições e cidadãos, permanecessem (e ainda permaneçam) unidos no silêncio aprovativo do estupro de uma Nação. Refletindo sobre as ações e razões de todas as pessoas com quem convivi por estes mais de 70 anos, não fui capaz de encontrar nada além destas duas alternativas que façam alguns cidadãos se submeterem de maneira tão servil, tão publicamente humilhante, como temos assistido nestes últimos anos. Pergunte-se: o que o faria se transformar em um verme?

Neste ponto, vou me interromper. Para entender o que ainda tenho a dizer você precisa assistir pelo menos a estas duas postagens: 1) à introdução/apresentação feita pelo jornalista Fernão Lara Mesquita (o conteúdo do link que ele fornece é muito longo e só vai ser relevante se você, ao final deste artigo, quiser se aprofundar em mais detalhes); 2) depois, e mais importante, assista ao post da juíza auto exilada nos Estados Unidos, Ludmila Lins Grillo[4], ressaltando trechos que mais interessam a nós, brasileiros, da entrevista do Mike Benz.

Fernão Lara Mesquita, no canal Vespeiro: https://www.youtube.com/watch?v=XPGF8lepB4I

Ludmila Lins Grillo, no canal TV Florida: https://www.youtube.com/watch?v=wu1hzJXRhOw                                

Em fim, a resposta! Agora você, meu Leitor, já a tem. Impressionante como o que Benz diz explica tudo aquilo com que temos nos indignado dia sim, outro também. A alternativa “1” é a inimaginada, inconcebível (quanto à intensidade e abrangência) e insana resposta que coloca tudo às claras, sob a luz das informações de quem esteve "dentro" do sistema. O “capo di tutti capi”, despido de seus trapos feitos de fios de hipocrisia, tramas de mentiras e cores borradas de intenções suspeitas, está nu em todas as "ágoras" públicas, digitais ou presenciais.

Considerando que o exposto publicamente, é, realmente, uma “bomba” no seio do “sistema”, que despedaça e expõe o núcleo de um projeto de psicopatas em conluio pela busca do phoder absoluto sobre o mundo ocidental (no mínimo); considerando que o entrevistado fez parte do primeiro governo Trump, e voltará a fazer parte agora; e considerando que Trump já deu declarações sinalizando que pretende agir para o total desmonte dessa maluquice política internacional, resta-nos imaginar e esperar pelas consequências a partir da posse do presidente eleito.

E o ciclo se renova. Voltamos a ter perguntas sem respostas, ainda:

1 – Que Nações se unirão – ou já estão se unindo - em uma reação a partir da indignação das elites não-agraciadas e deixadas de fora pelos “líderes” atuantes?

2 - Trump tomará posse?

3 – Trump será assassinado em algum momento de seu mandato?

4 – Trump será “legitimamente” afastado do governo?

5 – Quem vencerá esta queda de braços pelo phoder?

6 – E última e mais determinante: 20 de janeiro de 2025 ficará na história futura da humanidade como “the day of turning point”? Um verdadeiro “cavalo-de-pau” de 180º mudando a “nova ordem mundial” para a direção inversa?

Paulo Vogel

Neste meio, eu sou mensagem.

Jan/25 


 


P.S.: Fernão Lara Mesquita teve a pachorra de traduzir toda a entrevista. Leia aqui (role a tela até achar e é longo): https://vespeiro.com/2024/12/24/entrevista-mais-importante-da-decada/

 



[1] Uso “um homem” apenas como símbolo. Todos sabemos que “este homem” foi e é tão-somente um escolhido e nomeado representante de uma ideia a ser praticada por um enorme contingente de instituições e pessoas. Isto vai ficar claro mais à frente.

[2] No dicionário “Oxford Languages” temos os seguintes significados:” 1) a ordem ideológica, econômica, política e legal que constitui uma sociedade ou um Estado; 2) a elite social, econômica e política de um país”.

[3] Chantagem é um crime que envolve uma ameaça com a intenção de compelir uma pessoa a fazer um ato contra sua vontade ou tomar o dinheiro ou propriedade de uma pessoa. Na chantagem, uma ameaça pode ou não consistir em lesão física a uma pessoa ameaçada ou a alguém amado por essa pessoa.

[4] Punida com aposentadoria compulsória "por ter feito manifestações de cunho político nas redes sociais".






quinta-feira, dezembro 12, 2024

A CIVILIZAÇÃO DO FUTURO - E está tudo bem!

 

O Leitor poderá pensar, com razão, que o título deveria ser “O Futuro da Civilização”, mas tal formulação levaria a uma percepção errada sobre as reflexões que vou apresentar. Quando me refiro à civilização do futuro estou considerando que o ocidente, neste primeiro quarto do século XXI, está em um processo de “involução civilizatória” que conduz ao fim dos parâmetros que a determinaram, portanto, ao fim desta civilização milenar. Evoluímos da barbárie às sociedades democráticas para, pelo que parece, iniciarmos um retorno à barbárie. O que a oligarquia quer nos impor é a substituição dos valores construídos ao longo de mais de 10 mil anos de guerras e muito sangue por outros que obedecem exclusivamente à “vontade de poder”[1] - melhor seria dizer “sana de poder” - sobre as massas serviçais, subjugando-as e manipulando-as com uso de todas as ferramentas à disposição para tanto: cerceamento da liberdade, ameaças de encarceramento, acusações sem provas e sem direito a defesa.

Repito algumas reflexões que, de um modo ou outro, já fiz aqui: 1) o tempo de tudo encurtou; 2) tem sempre “pato novo”; 3) a quantidade de patos, cujo crescimento é impossível de ser estancado, já atingiu um nível impossível de ser razoavelmente administrado; 4) a república democrática é uma criança, um sistema recente na nossa história - não tem mais que 250 anos –, mas adquiriu um câncer terminal que corrói as entranhas da burocracia estatal. Sua  deterioração galopante é estimulada pelas novas gerações – os tais patos novos - que chegam inventando a roda, pois não se servem do arcabouço dos ensinamentos extraídos das experiências históricas. Isto por um lado. De outro, está o desenvolvimento da tecnologia, especialmente as que justificam eu rotular nosso tempo como a era da “digitrônica”[2], cuja característica maior é o pacote volume/velocidade das informações que não nos deixa um mínimo prazo de “degustação”. O resultado sempre é uma péssima digestão, levando a uma incontrolável diarreia mental monumental de dejetos, expressa e explícita de percepções, opiniões e “verdades” absolutas, “todes mau cheiroses”.

A civilização ocidental está perfilada frente a um paredão branco de medo à espera do tiro de misericórdia. É razoável imaginarmos que nosso planeta tenha uma capacidade limitada quanto ao volume populacional administrável e que não há solução para o controle do seu crescimento. Nem todas as pandemias, guerras e catástrofes ambientais já registradas fizeram cócegas na taxa de crescimento.

Hipócritas, de todas as cores, gêneros e ideologias, discutem aquecimento global e destino de lixos tóxicos viajando mundo afora para fóruns “rega bofes” inúteis, mas confortavelmente acomodados  em jatinhos particulares, falando em celulares que serão descartados e substituídos na próxima versão a ser lançada.

Se haverá ou não um retrocesso por razões que não imaginamos, é uma aposta pessoal.

Até aqui só uma introdução para esquentar neurônios, pois o que estou trazendo só vai ficar mais preocupante.

Tenho a maior curiosidade em conhecer o que Tim Berners-Lee[3] está pensando quando assiste sua WWW sendo utilizada para fins inimagináveis  em março de 1989 quando propôs seu fantástico e inocente protocolo[4] para comunicação entre computadores de todo o mundo.

O Banco Central do Brasil criou um sistema de registro da maioria das transações financeiros chamado REGISTRATO (registrato.blog.br)[5].  Como ainda nem TODAS são alcançáveis, o BC está em final de desenvolvimento de uma moeda digital, o DREX[6], que fará o serviço que falta. A partir de  2025, o governo brasileiro dará início à jornada de convencimento[7] de todos nós para passarmos a transacionar apenas através de tal sistema, quando, então, da compra do pãozinho na padaria à venda de um bem qualquer, passando por todas as transferências de valor, ou seja, toda transação que você fizer no mercado financeiro estará registrada num grande banco de dados permitindo que o Estado tenha controle absoluto sobre sua vida[8]. O governo chinês, desde 2018, faz um controle da vida particular dos seus cidadãos através de um sistema que pontua o comportamento social[9] de modo a poder cercear seus direitos porque sua pontuação está abaixo do esperado. No nosso Brasil, pelo que parece, com o DREX estaremos bem à frente da China neste quesito.

Agora percebemos que a digitrônica foi a maior das “fake news”. O tão sonhado poder de nos expressarmos livremente para o mundo, se mostrou a grande ameaça às elites no phoder. A reação veio “a STF”. Questionar a oligarquia não pode nunca ser permitido. Ela tem sempre razão, mesmo quando não tem razão alguma. É só uma questão de manda quem pode, obedecem todos, independente de terem juízo ou não, ou a “espada da lei” cairá sobre sua cabeça. Nunca valeu tanto a regra “para os amigos tudo, para os inimigos a lei”! E a distorcem, manipulam e reinterpretam sem qualquer rubor e pudor.

Na história da humanidade não há registros de retrocesso. Quando utilizamos o termo “evolução” queremos apontar somente para uma tecnologia que tornou fazer algo mais fácil, mais cômodo, mais útil comparativamente. Dado este paço, não há mais como retroceder sem que pareçamos bárbaros. O homem que aprende a comer com garfo e faca não volta mais a comer com os dedos sob pena de ser ridicularizado ou merecer a desaprovação social com expressões de nojo. Assim foi e assim é a digitrônica. Uma era que não voltará jamais. As sociedades serão a cada dia mais e mais dependentes uns e zeros. Os cidadãos de todo o planeta serão a cada ano, a cada década, a cada século, mais e mais monitorados, robotizados, e digitalmente lobotizados.

A primeira pergunta, considerado o dito até aqui, é: no futuro próximo teremos uma nova civilização? Eu acredito que sim por uma razão: se nos milênios que nos antecederam a humanidade foi controlada pela força física, o phoder agora tem uma poderosa ferramenta para controlar a mente dos cidadãos-súditos[10]. Se no passado a servidão era voluntária, como identificou Étienne de Lá Boétie[11], nesta nova civilização a servidão é involuntária, obrigatória, a constar do registro de nascimento. Sim, portanto, é uma nova civilização que se anuncia.

A segunda pergunta, consequente, é: os cidadãos-súditos aceitarão passivamente tal condição de vida? Mais uma vez, acredito que sim. A essência do ser humano ao longo dos milênios desde que desceu das árvores, passou a andar ereto e a fazer o fogo, tem um só valor a guiar suas decisões: a sobrevivência. É ela que explica a Alemanha Nazista, a Coreia do Norte barbaramente comunista, e todas as massas seguidoras de tiranos. Tudo é pela sobrevivência. O mote é “deixe-me viver”, de resto faça o que bem entender.

Tudo bem que, Você Estado, vá me impedir de viajar para onde eu quiser, pois você controlará o fluxo migratório de acordo com os interesses de sua economia planejada. Tudo bem se eu “pecar” ao não respeitar seus 99 mandamentos e Você venha a me punir me cancelando e me tirando o potencial de sustentar a mim e a minha família com minhas postagens. Tudo bem que eu tenha perdido pontos no sistema social porque me denunciaram por não ter gritado “Hi! Fuhrer!” no desfile militar. Tudo bem que meus pontos tenham sido tão baixos que Você foi “obrigado” a ser mais rigoroso comigo e me jogado em uma cela fria! Tudo bem! Só não me tire a vida. De resto, estará tudo bem.

Sim, estará tudo bem porque os humanos se provaram benditamente resilientes, malditamente subservientes. Queremos ser felizes, sim! Mas se ser feliz for incomodar o phoder, minha felicidade não tem importância.

Navegar não é preciso, viver é preciso.[12]

 



[1] Esta expressão foi formulada por Nietzsche indicando uma característica presente no ser humano. Como consta na Wikipedia: “é a principal força motriz em seres humanos — realização, ambição e esforço para alcançar a posição mais alta possível na vida”.

[2] “A microeletrônica define o mundo em que vivemos, orienta o foco da política internacional, a estrutura da economia global e o equilíbrio do poder militar.“ Fonte: Daily Digest.

[3] Timothy John Berners-Lee KBE, OM, FRS é um físico britânico, cientista da computação e professor do MIT.

[4] Protocolo: conjunto de regras para que dois interlocutores possam se entender. A língua nada mais é que um conjunto de regras de comunicação entre dois seres humanos.

[5] Para ter acesso você precisa estar cadastrado no GOV.BR.

[6] DREX: D de Digital; R de Real; E de Eletrônica; X de nada, é só uma moda.

[7] Assim como fez com o PIX.

[8] Junte isso com o sistema chinês e você poderá começar a imaginar o que significará “controle de sua vida”: o que você come, com que tipo de pessoa você gosta de se relacionar, qual sua cor preferida, quais seus ideais políticos etc. etc. etc.

[9] Sistema de Crédito Pessoal: “A partir de dados coletados na internet, em registros governamentais e por meio de reconhecimento facial, cada cidadão recebe uma pontuação. Se a pontuação for boa, a pessoa recebe algumas recompensas sociais. Já 1 crédito social ruim pode proibir que uma pessoa se matricule em uma boa escola ou seja contratada para uma boa vaga de emprego, por exemplo. Em 2018, segundo relatório divulgado pelo Centro de Informação do Crédito Público Nacional da China, 23 milhões de pessoas foram impedidas de viajar devido à pontuação baixa.” Fonte: www.poder360.com.br

[10] Aplico este termo para separar os cidadãos que se venderão, por diversas razões, a servir como braço executor das ações regulatórias, portanto, sustentadores e avalizadores do phoder, por isto “premiados” com benesses do Estado. Entre eles: servidores públicos de todas as instâncias e autarquias, elite financeira, elite intelectual, elite cultural e elite jurídica.

[11] Pensador Francês do século XVI em seu, hoje, clássico “Discurso da Servidão Voluntária”.

[12] Evidentemente estou me referindo à poesia de Fernando Pessoa, não só invertendo sua proposição como alterando totalmente seu significado. Se Pessoa utilizou “preciso” no sentido de “exatidão”, eu a uso no sentido de “necessidade”. Saiba mais aqui: 

https://www.pensador.com/navegar_e_preciso_viver_nao_e_preciso/ .