"Quando o sol da cultura está baixo, até os anões lançam longas sombras."
Karl Kraus, dramaturgo, jornalista, ensaísta, aforista e poeta austríaco.
Assista este breve vídeo antes de ler o artigo.
Não tenho dúvida de que aqueles que imaginam existir uma
alternativa estão praticando uma cegueira voluntária, tal como Étienne de Lá
Boétie
visualizou a servidão de um povo em algum momento de sua História. Não fazem
por mal, não fazem por burrice, nem mesmo por falta de informação. É tão
somente uma recusa em enxergar fatos que possam provar que estão errados. É
humano, pois reconhecer que se passou anos acreditando em uma mentira fere dolorosamente o orgulho. Poucos são aqueles que conseguem superar o sentimento de vergonha interior que isso causa.
Tal como em outros países, periodicamente somos
convocados a exercer o direito, e no nosso caso, a obrigação de votar, mas aqui
acontece um fenômeno que há muitos anos vemos no comportamento de eleitores que
proclamam estarem cansados, frustrados, decepcionados com a política e os
políticos. No dia da eleição, uns nem saem de casa, pois são os que “não gostam
de política” e irão compor a taxa de abstenção (eles apenas esquecem que viverão
sob as decisões dos que forem eleitos pelos que gostam). A outra parte até
se dirige à seção eleitoral, mas imbuídos de uma rebeldia adolescente, ilógica
e hipócrita. Entre estes, há os que se “eximem de responsabilidade” e votam
em branco, ou anulam o voto digitando um número inexistente na lista de
candidatos. No passado, quando escrevíamos o nome do candidato em uma cédula, alguns
votavam em personagens fictícios como o “Cacareco”
em 1959. Com o fim das cédulas, os rebeldes passaram a dar o voto a personagens
reais, mas folclóricos, como Tiririca, Juruna, e Alexandre Frota, o ator de
filmes pornográficos, ou até mesmo em indivíduos de conhecida e extensa ficha
corrida.
Neste 2022, depois de constatar que a aposta em 9Fingers é como comprar carro
usado do “maior corrupto que este país já teve”,
os perdedores inventaram uma terceira via - uma ideia-panaceia salvadora - na
esperança de conseguirem enfiar na goela de quem possa estar com Tico &
Teco em recesso e assim angariarem uma quantidade de votos que os elejam.
Feita esta necessária introdução, vamos à franqueza amarga
e cínica de Ciro.
Em sua fala podemos identificar algumas informações
absolutamente relevantes para avaliarmos o que está acontecendo especificamente
no Brasil (abstraindo de fatores externos). A mais importante, obviamente, é a
afirmação de que “temos de destruir
Bolsonaro”. Nossas instituições estão tão absurdamente degradadas,
apodrecidas, que um pré-candidato à presidência faz, este sim, um grave ataque aos princípios democráticas e o distribui em vídeo na
Grande Rede sem que nenhuma entidade de governo ou privada, ou mesmo um cidadão de reconhecida
credibilidade, venha a público rebater a absurda agressão a todos os cidadãos
brasileiros. Este é o ponto, porque acusá-lo de estar promovendo um ataque ao Estado Democrático de Direito como, principalmente, nossos iluministros
gostam de dizer, e pelo menos enquadrá-lo no “inquérito do fim-do-mundo”, não cabe,
pois Ciro integra a lista dos possíveis escolhidos a sentar na terceira cadeira
ou a entrar nas hostes de lambe-botas do decrépito, e claramente senil, 9Fingers,
o “Sleeping Jo” dos trópicos. Nunca “na história deste país” vale tanto a regra do aos amigos todos os direitos e liberdades; aos inimigos a lei, e/ou a
lacração, e/ou o cancelamento, e/ou a desmonetização, e/ou a prisão, ou tudo
isso e mais umas bordoadas no cárcere.
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Foto de comemoração do "acordão". |
“Nós temos que
destruir Bolsonaro”
é o maior e mais claro ataque, este sim, às instituições democráticas. Maior
até mesmo que o de Barroso ao criminalizar qualquer debate sobre a segurança
das urnas eletrônicas. E quando ele usa o pronome “nós”, está querendo
arrebanhar todas as vertentes do pensamento político que não se afinam com o
liberalismo e o conservadorismo, ambos representados por Bolsonaro. Óbvio que fazem isso em proveito próprio! Tal construção fraseológica mostra o estado de total
desespero dos perdedores de 2018, e é uma convocação para que todos se unam e,
temporariamente, passem ao largo de todas as suas diferenças (afinal, é por um
objetivo maior!). O que Ciro está vendendo é que 9Fingers está morto (só não
deixam ele saber) e,
ipso facto,
rei morto, rei posto, e “eu me apresento”. Na minha percepção, portanto, em
prol da “destruição de Bolsonaro” está
em processo um grande acordão, onde cada um (candidatos e partidos, a maioria abdicando
de concorrer) irá apresentar/negociar suas “demandas” e, de acordo com as
pesquisas, irá escolher quem concorrerá a que - na improvável vitória, todos
serão aquinhoados com o atendimento ao que foi previamente estabelecido.
O que também precisa ser analisado, é a frase
complementar “se não ele fica aí 8
anos!!!”. Esse é o desespero: ficar mais 4 anos à mingua, quiçá mais
possíveis 8 anos! Eles precisam
destruir Bolsonaro. É questão de vida ou hibernação por mais 12 anos! O
instituto da alternância de poder defendido
por alguns democratas, significa para Ciro um “teatro das tesouras”, onde agora
é minha vez, depois você, e depois eu “traveiz”. Repito, não se surpreenda se
fizerem de tudo para acabar com a reeleição via um casuísmo qualquer a partir
de já. Depois eles desfazem o feito. Tenho a impressão que estão até dando uns
caraminguás para quem trouxer ideias para impedir Bolsonaro de ser candidato.
Tentaram atribuir irregularidades na campanha da chapa Bolsonaro/Mourão; tentaram a CPI da COVID; impetraram mais de uma centena de pedidos de impeachment; nada colou. Até aqui.
A intenção de votar numa terceira via, portanto, é
brincar com as consequências de um regime corrupto-socinista. Alguém pode
argumentar que nos quase 30 anos de regime liderado pela esquerda não foi tão
ruim assim. Na superfície, com certeza. Na profundidade sequestraram a nação para satisfazer desejos próprios e você só está se dando conta agora. Foi um trabalho de
profissionais do crime organizado, cujo único intelectual que denunciou o estrago que estavam
fazendo na cultura foi Olavo de Carvalho.
É preciso entender que a geração que está em idade para chegar ao poder
político foi “cultivada”, “prostituída” no “atrasismo”
das ideias do presidiário Gramsci, hoje um defunto exaltado no Brasil e... sei
lá mais onde!. PSDB e PT sabiam o que estavam fazendo, no que estavam
investindo (Olavo ressaltou que para eles "é mais importante solapar as bases morais e culturais do adversário do que ganhar votos"). Revolução do pensamento se faz dominando a cultura, no silêncio pra
ninguém perceber. Os “produtos” humanos desta fábrica já estão aí, prontos e
mal acabados, agora precisam ir a
mercado a preços módicos. Só isso.
Encerrando, quero aproveitar para tratar um pouco da
questão do controle da mídia insistentemente proclamado por 9Fingers, para
desespero da claque petista. Controlar que é dito ao povo sempre foi central para os governantes, mas depois do advento da era digitrônica, gerenciar/censurar a profusão de conteúdo e canais se tornou um processo sofisticadíssimo. Nós estamos muito
assanhadinhos com o “poder de fala” que adquirimos. Quando tudo pode ser não só
questionado, mas imediatamente
questionado e propagado, controlar todas as mídias quanto ao que pode ou não
pode ser falado, deve ou não deve ser publicado, é instrumento essencial para a
permanência no phoder. “Malditas sejam as redes sociais”, vociferam os desejosos
de poder absoluto. Os grandes players do mercado da comunicação no Brasil estão calados
frente às ameaças de 9Fingers pelo simples fato de que pouco importa o que
publicam, o que eles querem é o dinheiro do Estado, seja o dono do veículo,
seja o profissional das redações. Esse negócio de liberdade de opinião é falácia
para embalar povo, veículos de comunicação se lixam pra isso. Basta lembrar os
quase 200 jornalistas da Folha que assinaram uma “carta aberta à direção”
pedindo a censura do que não querem ver publicado, como as opiniões expressas
em um artigo do historiador Antonio Risério, que lembrou o óbvio: existem
negros que praticam racismo contra brancos! E neste exemplo real se revela o cruel
mundo que se avizinha: jornalistas não se importam em vir a ser censurados pelo
Estado, pois entendem ganhar aval para censurarem o que bem desejarem, para o
bem de $eus$ desejos.
É isso. Fique mais atento e, se for o caso, coragem para reconhecer eventuais avaliações erradas passadas.
2022! 2 passos à frente, nem 1 passo atrás!
Em “A Nova Era e a Revolução
Cultural” ele diz: “Um grupo de ativistas sem escrúpulos apropriou-se dos meios
de difusão cultural para fazer deles o trampolim de suas ambições políticas,
fechando os canais por onde pudessem fazer-se ouvir as vozes adversárias e
impondo a todo o País a farsa gramsciana da “hegemonia”.
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LEMBRE-SE:
O objetivo principal deste blog é expor a hipocrisia que nos cerca e envolve, nos cega e conduz, e nos ajuda a tocar a vida de um jeito "me engana que eu gosto".