segunda-feira, novembro 28, 2016

COMENTÁRIOS DA SEMANA - DE 27/11 A 3/12/2016

29 - "O DIA D DOS LADRÕES"

Indico a leitura da coluna de Jabor, de hoje, em O Globo.


28 - FIDEL, O PAI DELES DOS ÚLTIMOS ANOS

A "revolução cubana" de 1959, teve como mote tomar o poder em nome do restabelecimento da "democracia" (o entre aspas é explicado mais adiante).

Confesso que conheço pouco da história política mundial, mas tenho a sensação (ou conclusão do que observei ao longo da vida) que toda revolução de extrema esquerda se vale deste argumento, as variações são apenas de discurso, na prática o fundamento é o mesmo. Tomado o poder, todas elas se tornaram ditaduras de fato e/ou de direito. Tal como as revoluções de extrema direita. As diferenças estão na base. A direita se revolta, não em defesa da democracia, mas para salvar o país do totalitarismo de um comunismo radical. Ambas se sustentarão no poder promovendo uma "limpa" geral e restrita exterminando todo e qualquer dissidente, discordante ou não simpatizante.





 

Fidel, como Stalin, como Mussoline, como Hitler, como os militares no Brasil, na Argentina, enfim, como tantos outros, só sustentam suas "grandes verdades utópicas" porque reconhecem, mas não admitem, que elas são utópicas e grandes mentiras. Aboletados no poder, só lhes resta a saída de eliminar os que têm "grandes outras verdades utópicas" que possam atrapalhar suas trajetórias psicopatas em direção à perpeturação do poder. A democracia vai pro saco, ou melhor, a democracia boa é quando quem manda sou eu, seja à direita ou à esquerda do espectro de alternativas, quando todos obedecem aos meus ditâmes, sem oposição.

Mas a opressão não se perpetua sem que se estabeleça uma justificativa institucional. Assim, tal como o homem criou Deus, no plano espiritual, para estabelecer uma negociação com a força opressora - a natureza indomável, inexplicável e temida -, o cidadão cria o "Pai", o "Comandante", o protetor a quem reverenciam enquanto alguém está olhando, mas que abominam no escuro do quarto com a cabeça no travesseiro.

Quem será capaz de trazer outras explicações razoáveis para os discursos de horas de Fidel e seu "paredón" - jeito prático de se livrar de incômodos -, das manifestações de raiva de Hitler nos discursos e nas práticas contra os judeus, ou das ameças nucleares de King Jong-Un?



"A Ilha", um Estado de pequenas dimensões que, como ilha, protegido da interferência de vizinhos, foi facilmente controlado durante alguns anos. Na virada das décadas de 80 para 90, quando perdeu o escamoteador da "verdade verdadeira" por trás do discurso, a Sierra Maestra começou a desmoronar. Quem acredita na excelência do ensino cubano onde a promessa para estudantes universitários é ser motorista de táxi ou balconista de bar? Quem, no domínio de sua sanidade, acredita na excelência da medicina num país que controla o alimento da população através da distribuição de vales semanais ou mensais para troca no empório do Estado?

Todos esses líderes são psicopatas alimentando seus egos doentios. O chamado "povo" é apenas a grande massa de manobra. O que teremos no futuro? Sendo a política fundamental para a existência minimamente estável da vida em sociedade, será que conseguiremos construir mecanismos que nos livrem dessas mentes geneticamente concebidas para causar o mal? Será que os razoavelmente sãos poderão um dia servir aos seus semelhantes apenas pelo servir?

E restringindo ao tema do dia: qual a sua aposta para o futuro de Cuba no médio e longo prazos?



27 - SE NÃO QUER PARTICIPAR, NÃO ENTRE.

Marcelo Calero é um ponto fora da curva. Ele saiu do seu quadrado. Pisou na bola e chutou o balde.

Sempre tive a convicção de que as regras do meio se impõem sobre o indivíduo. Sou sempre tímido quando entro em um ambiente novo, não me exponho, me mantenho atento, observador a tudo o que vejo e acontece à minha volta. Quando percebo que já sei o suficiente, convicto de já saber os princípios e normas que ali prevalecem, então decido se permaneço - significa que concordo - ou pego meu boné e me retiro, pois sei que não terei forças, ou interesse, para mudar o meio.

Enfrentar o meio é possível, mas não é aconselhável pela alta taxa observada de insucessos. Sozinho, o reagente será nocauteado com golpes duros na boca do estômago e ganchos fulminantes na ponta do queixo que serão dolorosos por longos anos, quiçá pelo resto da vida. O espírito de corpo age raivosamente em defesa do grupo, não mede ações, tudo vale desde que corte a ameça pela raiz, independente do mal que cause. Calero está sentindo o peso da reação do poder afrontado, questionado. Foi corajoso, aparentemente cuidadoso. Se salvará ileso? Duvido muito. Com sequelas? Muito provavelmente. 

Adicionar legenda
Sérgio Moro não é um solitário Calero. Moro é síntese, é a face midiática de uma super-força tarefa que começou composta por dezenas de profissionais de uma geração de jovens que propuseram à nação um novo caminho e, em consequência, ganhou a aprovação e o apoio de milhões e milhões de cidadãos brasileiros. Mesmo assim, todos estamos assistindo diariamente às tentativas do poder (todos os 3 poderes) em arranjar uma saída para o desmonte da oligarquia atualmente no comando do país.

Dito isto, e aproveitando o dito, defendo a tese de que não há saída para o Brasil exceto esta:

1 - renúncia de todos os políticos hoje no Congresso;
  
2 - convocação, pelo executivo, de eleições para uma nova Constituinte exclusiva que tenha como alicerce, em todo o seu teor, o novo mundo emergido pós globalização e novas tecnologias de comunicação/manifestação, e que tenha prazo de 120 dias para encerrar o trabalho;

3 - convocação de eleições gerais para o legislativo e o executivo conforme as regras da nova Constituição. 

Isto não é muito, é pouco para o que temos pela frente. Mas é o essencial para um começo minimamente promissor. É mais ou menos por isto que hoje existe uma convocação geral para irmos às ruas no dia 4 de dezembro próximo.








sexta-feira, novembro 25, 2016

HÁ O QUE "TEMER"? ou CALERO, O LOUCO?



Neuropsicologia: Ciência dedicada a estudar a expressão comportamental das disfunções cerebrais.
Definição colhida na Rede.

Geddel
Calero


Temer



Seu eu fosse o Marcelo Calero, faria assim:

1 - Contatava um renomado neuropsicólogo.

2 - Contratava seus serviços para me acompanhar em um evento público.

3 - Alugava por 1 hora uma sala ampla, de preferência com um pequeno auditório e muitas cadeiras, em um local renomado, por exemplo, o Copacabana Palace.

4 - Pedia a uma Assessoria de Imprensa para convocar toda a mídia, escrita, radiofônica e televisiva, para uma entrevista coletiva às 8 horas da manhã (para causar alvoroço já no café-da-manhã e não dar tempo para o inimigo).

5 - Na coletiva faria a seguinte declaração:

Prezados senhores e senhoras. Venho a público declarar que, pelo que dizem meus ex-colegas de governo, estou completamente louco. Alguns declaram que não disseram o que disseram. Outros tentam redefinir a ética, propondo que a partir de agora poderão existir éticas mais éticas que outras, e que algumas faltas de ética não serão assim tão falta de ética. Que estou completamente louco, que as pressões que recebi de meu colega Geddel foram apenas conversas inocentes sobre seu interesse em um apartamento no Pelourinho. Que o Presidente não me pediu para dar "uma solução" no "problema", apenas que, do alto de sua maturidade política, me aconselhou a ser um melhor bom menino e não fazer travessura. 

Tudo isso pode ser verdade, mas como tenho cá minhas dúvidas sobre minha real saúde mental e que, fora Temer, nada tenho a temer, trouxe comigo este renomado doutor, PHD em neuropsicologia, com o firme propósito de, peremptória e definitivamente, após me submeter a rigorosos testes dos mais modernos existentes, defini se estou realmente louco ou se o país, como eu também, tem o que "TEMER".

E dirigindo-me ao renomado especialista: Doutor, estou em suas mãos. Diagnóstico feito, diga ao povo a verdade.

domingo, novembro 20, 2016

COMENTÁRIOS DA SEMANA - 20 A 26/11/16

24 - O INOCENTE E BEM INTENCIONADO GEDDEL

O caso Geddel é uma agressão à inteligência do cidadão. O ministro da Cultura pede demissão alegando ter sido pressionado para liberar a construção, em área histórica de Salvador, de um prédio onde o solicitante adquiriu um apartamento na planta. A seguir o presidente da República finge que não nenhum problema sério de ética ocorreu e o mantém no cargo. 

Se considerarmos, por exemplo, esta notícia de setembro/16, podemos imaginar que provavelmente Geddel não foi deposto porque, como corre nas mesas de bares, "sem foro é com Moro".


20 - INSTIGADO POR CABRAL, O SÉRGIO

No passado chamei atenção para a total inutilidade do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), dado que nunca houvera se manifestado apontando movimentações "estranhas" de ninguém, isso com as águas da Lava Jato jorrando para todos os lados. Até que entendi a razão: o Coaf(*) é um órgão administrativo de assessoria da Receita Federal, mas foi criado para ser um instrumento fundamental no combate ao crime financeiro. Ora, a Lava Jato trata do quê mesmo? Mas ninguém viu os mais de 200 milhões de reais, em papel e/ou em bits, trafegarem de empreiteiras para pessoas físicas aboletadas no poder!!!

Hoje, a imprensa divulga a "suspeita" de que Cabral, o Sérgio, "administrava seu patrimônio" através de uma empresa de transporte de valores.

E o Coaf nunca soube de nada, não viu nada? O que tem a declarar a Receita Federal? É o que eu e muitos brasileiros gostariam de saber, até porque, para qualquer depósito não declarado de mil reais feito na conta de um de meus netos como presente de aniversário, por exemplo, nós somos intimados a prestar esclarecimento.

domingo, novembro 13, 2016

COMENTÁRIOS DA SEMANA - 13 A 19/11/16


17 - CÂMARA E SENADO

Estão arquitetando uma anistia geral para os mal-feitos em caixa dois e propinas. Está na hora de irmos para as ruas dar o recado de que, se tentarem, o risco é grande de o caldo entornar.


SEM PERDÃO PARA OS CORRUPTOS. 

E FORO PRIVILEGIADO APENAS PARA ATOS DO EXERCÍCIO DO MANDATO.


15 - DILMA, FARC, BREXIT, TRUMP

Na ressaca pós vitória de Trump, me fixo em dois fatos que se conectam nos 4 eventos citados no título: a afirmação, pela mídia, de que os institutos de pesquisas erraram e a margem de vitória.

Quanto às pesquisas, sinto muito, mas não erraram. A margem de erro é que pendeu para o "lado errado" ou lado não desejado pela mídia e especialistas de todas as vertentes.

Quanto à margem de vitória, apertada em todos os casos, esta sim me incomoda. Nos 4 casos, uma minoria de cidadãos foi responsável por uma decisão de grave importância para o futuro de curto e médio prazos de suas nações, o que, em última instância, significa afetar seus próprios destinos individuais. Se levarmos em conta os altos índices de abstenção, temos um fato que incomoda bastante a democracia (em tese, o regime da maioria): a responsabilidade da decisão foi da minoria!!!

O que pode estar por trás dessas rupturas? Lembrando que Dilma foi eleita e deposta (uma ruptura com as ideias petistas). Esta democracia conduzida pela visão de curtíssimo prazo do homem-eleitor comum tende a nos levar para onde?

A inovação tecnológica e a rapidez em que estas nos são impostas está aumentando o fosso entre as populações das metrópoles e as demais?  Em que medida a globalização está sendo questionada e ameaçada? A perda dos empregos, em alguns países, a queda dos salários dos não-formados em outros, justificam esta tendência ao protecionismo e, consequentemente, ao agravamento de manifestações nacionalistas e xenófobas? O desenvolvimentismo, visto até aqui pelos economistas como única saída para a humanidade, se sustenta?

De volta às cavernas, ou à barbárie da sobrevivência do mais forte, ou há uma alternativa ainda não formulada?


Resultados do voto popular:

BRASIL: ELEIÇÃO PARA PRESIDENTE (out/2014) - 51,64% x 48,46% (Aécio) - Diferença: 3,5 milhões de votos - Abstenção: 19%


GRÃ BRETANHA: BREXIT (jun/2016) - 51,9% (sim para saída da UE) x 48,1% (permanência) - Diferença: 1,8 milhão de votos - Abstenção: 28%

COLÔMBIA: FARC (out/2016) - 50,2% (não ao acordo) x 49,8% (sim) - Diferença: 60 mil votos - Abstenção: 62,6%

ESTADOS UNIDOS: ELEIÇÃO PARA PRESIDENTE (nov/2016) (*) - 47,2% (Trump) x 47,9% (Hillary) - Diferença: 900 mil votos - Abstenção: Não encontrei dado correto, mas historicamente é perto de 50%

(*) Fonte: CNN - A vitória de Trump se deu no colégio eleitoral com 306 delegados a seu favor.

13 - RADICAIS

O problema dos radicais é que eles estão, por definição, sempre errados. Radicalismos só têm utilidade como tentativa de ruptura, de colapso, de morte do conhecido e nascimento do incógnito. O radical não tem proposta de solução. Seu horizonte de percepção não existe porque sua cegueira é congênita.

Isto me vem quando ouço sobre invasões de escolas (incentivadas, alimentadas e coordenadas por psicopatas desalojados de posições nas instâncias de poder estatal) a pretexto dos alunos serem contra a proposta - superficial, diga-se - de flexibilização do ensino médio.

Todos os alunos de uma escolha são contra? E só de algumas escolas que o grupelho, no caso, de esquerdistas, conseguiu se infiltrar? Quer dizer que os alunos, pretensamente contra, preferem ser obrigados a adquirir conhecimentos que jamais irão fazer uso, ao invés de terem a liberdade de investir mais no que suas genéticas e escolhas desejam? Eles são contra a flexibilização no exato momento em que as formas de transmissão do saber estão sendo avassaladoramente questionadas pelas novas tecnologias de acesso à informação? Ou apenas estão tão famintos de debate de ideias e de alimento que estão aceitando receber sanduíche de mortadela como recompensa pela servidão a que se sujeitam de serem massa de manobra para quem não quer ver vingar ideias alheias?


CURSO RÁPIDO DE ECONOMIA - ERRATA

Um viajante chega a um hotel para dormir, mas pede para ver o quarto. Entretanto, entrega ao recepcionista um cheque de 200 reais como garantia enquanto faz a vistoria. 


Enquanto o viajante inspeciona os quartos, o gerente do hotel sai correndo com o cheque e vai à mercearia ao lado pagar uma dívida antiga do hotel,... exatamente de R$200,00 .  



Surpreendido pelo pagamento inesperado da dívida, o dono da mercearia aproveita para pagar a um fornecedor uma dívida que tinha há muito... também de R$200,00 . 



O fornecedor, por sua vez, pega o cheque e vai à farmácia, para liquidar uma dívida que tinha de... R$200,00 . 



O farmacêutico, cheque em mãos, corre para o bordel ali ao lado, liquidar uma dívida com uma prostituta.... coincidentemente, a dívida era de R$200,00. 



A prostituta agradecida, sai com o cheque em direção ao hotel, lugar onde habitualmente levava os seus clientes e que ultimamente não havia pago pelas acomodações. Sendo a dívida superior a R$200,00, ela avisa o gerente que está quitando parte e coloca as notas em cima do balcão. 



Segundos depois o viajante retorna do quarto, e diz não ser o que ele esperava, pede o cheque caução ao gerente, agradece e sai do hotel. 



Ninguém ganhou um centavo, porém agora toda a cidade vive sem dívidas, com o crédito restaurado, ninguém precisou recorrer a tribunais e todos começam a ver o futuro com confiança!  



MORAL DA HISTÓRIA:  



NINGUÉM ENTENDE A ECONOMIA! (como o prova quem escreveu o original desta história!) 


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A historinha original (aqui modificada) colhi da Rede em algum momento no passado. Guardei sem saber por que. 


Descobri hoje. Dado o presente que o Brasil vive, resolvi postar esta "errata" como contribuição aos mais pessimistas. 



Fiz algumas adaptações e um pequeno acréscimo final, como um toque de... digamos... realidade a uma bela fantasia (sem prejuízo do conceito econômico que é absolutamente verdadeiro, e como dizia um antigo cliente meu: "O dinheiro tem que circular").


O hotel teve que lançar um prejuízo de R$200,00 reais, já que pagou uma conta de R$ 200,00 e ainda teve que devolver o cheque de R$ 200,00.


Como ninguém conseguiu falar com o dono do hotel (provavelmente um fundo de investimento sem dono identificável), não se sabe dizer se o gerente foi demitido por justa causa e/ou se teve que cobrir o prejuízo causado do próprio bolso.



domingo, novembro 06, 2016

A DEMOCRACIA SOB INVESTIGAÇÃO


Para os mais atentos, ligados nas reflexões políticas e econômicas, no entendimento das crises do hoje com vistas a projetar possíveis modelos futuros, já é possível identificar que a democracia começa a ser questionada e colocada sob investigação, não apenas no Brasil, como nosso umbigo nos leva a crer, mas em todo o mundo, particularmente no ocidente pela razão simples de ser uma região com predominância das liberdades individuais, tais como de expressão e religião, ao contrário dos países orientais, onde o Estado ou a Religião ou ambos, mantêm forte controle sobre os desejos e comportamentos dos cidadãos.

Ao participar do programa Painel, da Globo News, do dia 5 de outubro de 2016, o professor Eduardo Viola, titular de Relações Institucionais da Universidade de Brasília, apresenta o conceito de "disfuncionalidade democrática", a noção de que a democracia como exercida até há pouco não atende mais às demandas de uma sociedade que, dados os avanços tecnológicos, se move à revelia e à margem dos sistemas de governo. Ele sugere até mesmo que deixamos de eventualmente ser uma plutocracia - regime a serviço dos mais abastados - para um sistema que o cientista político Philippe C. Schmitter(*) chamou de politocracia, onde o sistema democrático deixa de estar alicerçado no governo do povo pelo povo, para servir aos interesses particulares dos políticos e distanciados das demandas da sociedade.

A democracia está em crise na Turquia, nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Venezuela e no Brasil, não só, os cito apenas para mostrar que a motivação do debate não é regional, não tem respaldo na longevidade das nações, ou nas características peculiares das diferentes culturas. Há algo no ar "além dos aviões de carreira" a obstruir a visão dos cidadãos, de todos os povos governados por regimes democráticos.

Todos vêem que está errado. O que existe não serve mais, mas ainda não enxergamos o que poderá nos servir como um sistema razoável para resolver os impasses presentes e os anseios futuros.

Tudo isto, na minha humilde opinião, tem como pano de fundo a revolução que as tecnologias computacionais e de comunicação provocaram nos últimos 10 anos. Apple, Microsoft, Google, Facebook, Twitter, Youtube e Whatsapp, estão bagunçando com tudo o que sabíamos até aqui. Tudo o que aprendemos cansativamente nas escolas e na vida, virou lixo. O mundo mudou num movimento de baixo para cima. São as comunidades tecnologicamente instrumentalizadas demandando pressão para que as oligarquias no poder apresentem novas soluções. Por bem ou por mal, sinto prever.

Meu colega de trabalho está a uma distância desconhecida ao qual me conecto a megabytes por segundo. Trabalho de minha casa, sem qualquer necessidade de ir à empresa para a qual presto serviço. Faço compras com cliques em uma loja virtual totalmente em português, onde compro produtos diretamente da China e entregues por correio em minha casa. Antes de ir à consulta médica já sei tudo sobre a provável doença que tenho, tratamento, remédios, dieta a seguir etc.

Saber multiplicar pra quê? Raiz quadrada!!! O que uma planilha não resolve num clique? A capital do Tibet? Vou ao Google. Descobrir o significado, o sinônimo, a origem, da palavra, do conceito, vou à Wikipédia. Saber sobre o candidato, saber suas ideias, suas manifestações no passado, vou ao Youtube. Dizer o que penso ou questionar o que outros pensam, dar minha opinião não-abalizada sobre tudo, contar meus feitos, encher meu ego, me conecto e exponho no Face. Alertar meus familiares e amigos sobre qualquer coisa, pedir apoio a uma causa, repassar uma piada de bom ou mau gosto, posto uma mensagem no Whatsapp. Pressionar um político, dar sugestões, cobrar compromissos assumidos em campanha, mando uma mensagem eletrônica.

Nesta nova realidade cotidiana estamos fazendo muitas perguntas.

Democracia representativa para quê? 513 deputados federais para quê? 81 senadores para quê? Centenas de deputados estaduais para quê? Milhares de vereadores para quê?

Reforma política? Presidencialismo ou parlamentarismo, que importância isto tem? Voto distrital? Voto em lista? Permissão de coligações ou não?

Partidos políticos? Que necessidade de nossas vidas eles são capazes de atender?

Não entender que tudo, politicamente falando, terá que ser revisto, só prolongará nossa agonia atrasando a busca de novas soluções. A democracia como está, em particular a brasileira, precisa ser posta sob investigação. Quanto mais cedo, melhor.


(*) Há uma entrevista muito interessante deste cientista neste link (http://poliarquiaufrgs.blogspot.com.br/2011/03/philippe-schmitter-o-brasil-nao-precisa.html), dada em 2011 ao jornal Valor Econômico quando ele esteve no Brasil.