A receita de torta "mata-fome"(*) política, sem autor identificado, mas cujo gosto está merecendo aprovação de um contingente de seres supraterrestres (porque se acham acima de "nosoutros"), leva ingredientes da digitrônica, da modernidade líquida, do politicamente correto (sic), da pós-verdade, das narrativas invertidas, de psicopatia crônica e de canalhice sem qualquer pudor em se mostrar.
Eu e meus amigos... "fascistas", achamos que as bases da democracia precisam ser revistas com o propósito de que boa parte de seus princípios dogmáticos sejam analisados sob a luz e lupa da digitrônica. Nós achamos que não dá para se ter estabilidade de governança em uma era em que a vontade de grupos radicais tem canais de manifestação capazes de perturbar a condução do país de tal modo que resulta em uma imobilização do poder executivo, paralisando a nação, prejudicando irremediavelmente a grande maioria da população, em única subserviência ao objetivo da retomada do poder por terem seus interesses escusos contrariados.
Eu e meus amigos... "fascistas", temos um entendimento de que eleições são, até aqui, o principal instrumento para identificar a vontade de uma maioria em um determinado momento através de um processo eleitoral cujo resultado deve ser respeitado pelo tempo aprazado legalmente e de antemão. Nós acreditamos que, até as próximas eleições, é lícito que os derrotados em um pleito se organizem em grupos de oposição e ofereçam alternativas de solução de problemas sempre que as ideias e ações do governo empossado estejam em desacordo com suas crenças, utopias e convicções. Mas é fundamental aceitar que a democracia é um regime que lida em sua essência com a alternância de poder. Aqueles que não aceitam essa condição devem abrir mão de discursos "a favor da democracia" e, sem hipocrisia, proclamar em suas faixas o desejo real de implantação de uma regime ditatorial, quiçá totalitário.
Por falar em convicções, eu e meus amigos... "fascistas", temos a firme convicção de que a "independência harmônica" dos três poderes, é cláusula pétrea de nossa Constituição, mesmo ela sendo de viés estatista, socialista e anti-liberal, características que não a invalidam como Carta Magna a que todos devemos nos submeter até que algumas PEC's ou nova Assembleia Constituinte a venha alterar ou substituir.
Meus amigos e eu, "fascistas" que somos, mesmo uns e outros ateus de prática ou discurso, cremos fervorosamente que um governante eleito só possa ser impedido de exercer seu mandato se cometer um ato absolutakente inconstitucional e, mesmo assim, depois de todo um processo legalmente conduzido. Eu disse um ato, nunca um pensamento, nunca uma ideia manifesta, nunca por uma frase fora de contexto, muito menos por uma "intenção" atribuída pela interpretação de um adversário. Não aceitamos as arbitrariedades, aqui sim, anti-democráticas de supressão da expressão de opinião, num verdadeiro "cala boca" hoje praticado pelo STF.
Nós, "fascistas" por rotulagem hipócrita dos que odeiam a diversidade, defendemos uma imprensa livre, sem mordaças, sem rabo-preso, sem dependência de verbas estatais, sem orientação (sic) ideológica a seus repórteres, jornalistas e articulistas, na confecção de seus textos, matérias ou análises das circunstâncias (**).
Do mesmo modo, pelo mesmo princípio, e ainda sob a obediência à Constituição vigente, somos "fascistas" intransigentes na defesa da liberdade de opinião e manifestação pacífica, seja em ambiente restrito ou público, independente de meio de divulgação, de qualidade do linguajar, limitações morais ou de qualquer outra espécie.
Para nós, "fascistas" sem carteirinha, sem filiação partidária, não obrigados a fazer rachadinha prevista em estatutos de partidos, ou não, professamos que um novo sistema para a escolha dos integrantes do Supremo Tribunal Federal seja criado com base em escolhas de juristas de notório saber não só da Constituição em vigor, como do direito em amplo senso, e, principalmente, cidadãos de conduta comprovadamente ilibada.
Nós, eu e meus amigos, "fascistas" não praticantes de atos de vandalismo, de agressão física ou mesmo verbal, que acreditamos que o único caminho é o da diversidade de opinião para a construção de acordos que garantam a todos os indivíduos (integrantes de maiorias ou minorias) o direito e a liberdade de conduzirem suas vidas com a única, e absolutamente necessária, proteção do Estado quanto ao exercício dos direitos da plena cidadania que deveriam ser inalienáveis e inquestionáveis.
Para nós, fascistas de ocasião por interesse de esquerdistas, a torta está pronta, quentinha e sendo servida para quem estiver com o nariz entupido e não percebendo o cheiro esquisito de receita que desandou, e que em vez de mata-fome parece estar causando um desarranjo cerebral. Mas o nosso olfato não está predudicado, pois nós entendemos que no mundo da pós-verdade, onde o que é não é, o que não é talvez seja, não sei; que no mundo da modernidade líquida onde tudo flui tal como água em correnteza de rio, o que hoje seria, já foi, não é mais; que nesta realidade inventada, aumentada, estuprada, não sabemos onde foi parar a ética, a moral, os sentimentos pelo outro (em todas as dimensões que "outro" possa ser considerado); que neste ambiente onde psicopatas crônicos que viveram nas tetas do Estado, mas escondidos nas trevas, nas sombras, no escuro, agora têm uma voz que nunca tiveram; que aqui, agora, somos todos poeira no vento, sem destino, sem controle, sem autonomia, sem vida que possa ser vivida!
Eu e meus amigos "fascistas" tínhamos a certeza, até poucos meses atrás, de que éramos democratas no fundo de nossas almas. Acreditávamos que respeitar e aceitar o decidido era uma consequência dos valores em um Estado Democrático de Direito. Jamais poderíamos imaginar que um dia os sentidos de direção seriam invertidos, onde ser liberal e conservador em geral, passou a ser pensamento fascista, e atacar a propriedade privada, se recusar a aceitar o resultado de eleições livres e tentar por todos os meios derrubar um governao, se tornaram valores de democratas!
Triste momento!
(*) A torta mata-fome é uma lembrança da minha infância. Na confeitaria da família, ao final do dia, sobravam unidades de pães, doces, tortas, cucas etc., que eram todas, ou quase todas (nunca tive conhecimento da receita) colocadas numa misturadeira, onde acrescentavam-se alguns ingredientes, e produzia-se uma massa que ia ao forno virando uma torta cujas fatias eram vendidas a 1 "dinheiro", e faziam a alegria da garotada na hora do recreio.
(**) A CNN, num arroubo hipócrita que eu creio vá para os anais do jornalismo televisivo, criou um quadro chamado "Grande Debate" para esconder o seu total alinhamento esquerdista, onde a apresentadora precisa introduzir o quadro sempre com o seguinte "alerta": "O tema desse quadro é apresentar temas relevantes com visões diferentes sobre o mesmo assunto. Tudo pra que você construa, então, sua opinião, sua forma de pensar". Tão hipocritamente bonitinho/bonitinha!!!