terça-feira, novembro 19, 2013

ALICERCES DA CORRUPÇÃO - Parte I

Posso estar errado, mas a corrupção nestes últimos anos me parece frequente demais. Uns podem argumentar que agora o sistema está mais capacitado a pegar os recalcitrantes, sei não. Sei que a fulana, a tal da dona Corrupção, voltou aos noticiários neste feriado prolongado de 15 de novembro de 2013 por conta da prisão de alguns condenados do Mensalão do PT.

Já publiquei aqui alguns posts sobre o tema, tema este sobre o qual reflito há mais de 30 anos à procura de uma formulação das origens e sustentação da presença desta senhora na vida cotidiana de todos nós. E quando digo todos, estou me referindo à humanidade. A corrupção não tem nacionalidade, não tem profissão, não tem nível cultural, social ou econômico, não tem sexo, não tem cor, não tem nem mesmo idade, creiam. Mas tem algo básico que pretendo mostrar.


Nestes últimos meses, com o incentivo do movimento Ruas 2013, vendo cartazes pedindo o "fim da corrupção", direcionei minhas reflexões mais intensamente para a seguinte questão: se eu não acredito no fim da corrupção, eu preciso explicar por que não, do contrário fico no vazio da conversa de botequim. Preciso de provas para poder ser um bom desmancha-prazer, ou desmancha-ilusão, ou desmancha-utopia, ou melhor, um desmancha-hipocrisia. Me propus, então, focar o pensamento na busca da resposta, ou, pelo menos, de uma resposta razoável

Eis que coincidentemente neste mesmo fim-de-semana, encontro na estante de minha sala um livro que nunca comprei, um livro usado pois já com alguns sublinhados feitos por alguém que não eu. É um romance escrito por Harlan Coben, autor consagrado americano de romance policial, e o título é "Confie em Mim". Já posso adiantar que foi um dos romances mais instigantes, provocantes, que li até hoje. Recomendo-o especialmente para pais que já estão ou irão brevemente lidar com filhos (e netos) que estão entrando na adolescência. Alerto que a adolescência nos tempos modernos começa bem mais cedo que a idade "teen". Fique esperto.

Foi lendo este romance que a "ficha caiu". O personagem bandido da história é um assassino absurdamente frio, que não tem qualquer sentimento para com o outro, qualquer outro que não tenha sido eleito por ele como um protegido seu, e que, portanto, outro este que será massacrado se se interpuser em seu caminho rumo ao mais banal de seus objetivos. Ao construir o perfil do personagem, o autor descreve os sintomas patológicos de um distúrbio psicológico. Foi esta descrição o estopim para minhas reflexões.

Fui para a Wikipédia e comecei a pesquisar diversas palavras até que encontrei a expressão: "Transtorno de Personalidade Antissocial" (que vou referenciar a partir daqui apenas como TPA). Esta é a denominação médica para o que comumente é chamado de psicopatia ou sociopatia. É um transtorno da personalidade conhecido e descrito (sintomas, causas, consequências) no âmbito da psiquiatria. O sintoma principal é o desprezo que o indivíduo afetado tem pelas normas sociais, e, principalmente, indiferença para com os direitos e sentimentos dos outros. Guarde estes últimos termos: indiferença para com os direitos e sentimentos dos outros.

Na população em geral, as taxas de TPA se situam entre 0,5 a 3%, ou 30 a 180 milhões de indivíduos. O dado mais interessante é que entre presidiários estes percentuais ficam entre 45 e 66%. 

Não vou expor minha tese agora, neste post quero apenas deixar algo para você pensar, uma mostra de como este transtorno se manifesta, ou seja, onde esse transtorno irá se materializar em consequências para sua vida cidadã.  

Sou um ferrenho defensor de que nascemos com uma matriz genética mental, tal como a matriz física. Geneticamente, não há diferença entre corpo e mente, se é que podemos fazer esta separação. De qualquer forma, ambos se alteram muito pouco ao longo da vida, e ambos se degeneram igualmente. Esta é a razão pela qual sou radicalmente contra castigar crianças por comportamentos que não são aqueles rigorosamente esperados, desejados, pelos pais. Pois bem, diz a psiquiatria - e na minha visão, não poderia ser diferente - que o comportamento dos portadores deste TPA "não são facilmente modificados pelas experiências adversas" e nem pelas "punições". São indivíduos que não toleram se frustrar e, portanto e obviamente, culpam os outros pelo que lhes acontece e racionalizam desculpas para explicar o inexplicável e justificar o comportamento anti-social.

Por agora, para não tomar mais de seu tempo, fico por aqui. Para saber mais sobre este e outros transtornos da psique, você pode começar por aqui: 

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