Neste junho/15, um iraquiano espírito de porco resolveu ir ao palco e expor a hipocrisia. Não é a primeira vez que isto vem à baila. Não será a última. Infelizmente.
Abaixo reproduzo como reproduzido no blog do Madia. Hipocrisia pura desmascarada.
ALGUÉM TINHA QUE DENUNCIAR ESSA MENTIRA.CANNES, MAIS DE 40 ANOS DE FRAUDE. Depois muitos profissionais reclamam da forma como são tratados pelas empresas clientes. Só se colhe o que se planta. Madia.
MATÉRIA TRANSCRITA DE MEIOS E PUBLICIDADE
O iraniano que implodiu Cannes Lions e a indústria dos prêmios
Por Pedro Durães a 26 de Junho de 2015
““Cerca de 90% dos trabalhos que vimos aqui esta semana e que foram feitos para ONG e outras associações não foram feitos para ajudar aquelas pessoas. Foram feitos por alguém que quis ter uma grande ideia para enviar a um conjunto de 25 palhaços [a expressão usada foi shitheads] em salas escuras a verem e a apaixonarem-se por aquilo e darem um prêmio”. Esta foi uma das últimas bombas largadas por Amir Kassaei, chief creative officer da DDB Worldwide.
O iraniano não foi poupado nas palmas tal como não o foi em material explosivo capaz de fazer estremecer Philip Thomas, o CEO do Cannes Lions que estava sossegado um piso acima a dar uma entrevista na sala de imprensa. Amir Kassaei surgiu no palco da sala Debussy visivelmente consternado, consciente de que as palavras que dizia eram duras, mas que seria ainda mais duro não as dizer. Começou por lamentar o facto de que “estamos aqui a enganar-nos a nós mesmos ao premiar coisas que não têm qualquer ligação com a realidade. Toda agente está a falar sobre o que está a mudar na indústria mas ninguém fala do que nunca mudará. Estamos a perder a ligação com o que importa: a realidade”, afirmou, criticando a indústria, que “tem uma tendência para se esquecer dos seus reais valores, dos motivos e da essência do que estamos aqui a fazer, do porquê de existirmos”.
Para ilustrar, Amir Kassaei contou como todos os dias apanha o comboio para ir de Brooklyn para Manhattan. “Vejo trabalhadores da construção, empregadas de lojas, gente de trabalho que vai muito cedo para deixar os filhos na escola antes de um dia longo. Aquelas pessoas não estão interessadas naquilo que fazemos. Não estão interessadas em publicidade. Não estão interessadas em marcas. E nós estamos a esquecer-nos disso, nós perdemos o foco das pessoas reais”, alertou, rematando: “Estamos a falar de social media, de conectividade, e nada desta merda importa.” Mais um estrondo que este deve ter abanado o edifício do lado onde decorre esta sexta-feira a primeira edição dos Innovation Lions dedicados, precisamente, e em exclusivo, a estes temas.
O iraniano estava longe de terminar. “Peguem na ideia mais inovadora que viram aqui esta semana e mostrem-na a alguém fora daqui, fora do Palais. Nem precisam de sair de Cannes. Mostrem-na às pessoas reais que aqui vivem e vão ver se essa pessoa se importa com isso”, afirmou, chamando a atenção para o facto de que “acreditamos, na nossa arrogância, que o que estamos a fazer é importante para a vida das pessoas e não é”. “A nossa essência e fazer algo que importe na vida das pessoas, ligar as pessoas às marcas e mostrar-lhes que aquela marca tem algo que pode melhorar a vida delas. Somos vendedores”, lembra e, atira, “neste momento estamos só a vender merda a nós mesmos. Ninguém nos vai matar. Nós estamos a matar-nos a nós mesmos”.
Caminhando para o fim, Amir Kassaei está quase a chegar à frase com que acendemos o rastilho deste texto. “A razão para entrar nesta indústria não era querer ser famoso, ganhar prémios Era estar com pessoas fantásticas a ajudar os marketeers a resolver problemas das suas marcas e para melhorar a vida das pessoas. Esquecemo-nos disso, estamos mais cínicos e negativos. Ganhar prémios só significa que somos bons a ganhar prémios, nada mais”. E pergunta: “Qual foi a última vez que chegaram à casa e disseram ao vosso filho de cinco anos que fizeram algo que vai dar-vos um leão de bronze em Cannes e ele ficou maluco?” Nova explosão, desta vez de palmas.
“Ou reconduzimos os nossos valores e os recuperamos ou morremos”, sentenciou. “Temos a responsabilidade de guiar os nossos clientes neste tempo difícil mas não suamos a fazer isso, estamos a confundi-los, estamos a enchê-los de bullshit e a culpá-la por não perceberem nada e que nós é que somos os espertos”, criticou. O Palais ainda está de pé. Mas apostamos que Philip Thomas não estará muito satisfeito.”
Para ilustrar, Amir Kassaei contou como todos os dias apanha o comboio para ir de Brooklyn para Manhattan. “Vejo trabalhadores da construção, empregadas de lojas, gente de trabalho que vai muito cedo para deixar os filhos na escola antes de um dia longo. Aquelas pessoas não estão interessadas naquilo que fazemos. Não estão interessadas em publicidade. Não estão interessadas em marcas. E nós estamos a esquecer-nos disso, nós perdemos o foco das pessoas reais”, alertou, rematando: “Estamos a falar de social media, de conectividade, e nada desta merda importa.” Mais um estrondo que este deve ter abanado o edifício do lado onde decorre esta sexta-feira a primeira edição dos Innovation Lions dedicados, precisamente, e em exclusivo, a estes temas.
O iraniano estava longe de terminar. “Peguem na ideia mais inovadora que viram aqui esta semana e mostrem-na a alguém fora daqui, fora do Palais. Nem precisam de sair de Cannes. Mostrem-na às pessoas reais que aqui vivem e vão ver se essa pessoa se importa com isso”, afirmou, chamando a atenção para o facto de que “acreditamos, na nossa arrogância, que o que estamos a fazer é importante para a vida das pessoas e não é”. “A nossa essência e fazer algo que importe na vida das pessoas, ligar as pessoas às marcas e mostrar-lhes que aquela marca tem algo que pode melhorar a vida delas. Somos vendedores”, lembra e, atira, “neste momento estamos só a vender merda a nós mesmos. Ninguém nos vai matar. Nós estamos a matar-nos a nós mesmos”.
Caminhando para o fim, Amir Kassaei está quase a chegar à frase com que acendemos o rastilho deste texto. “A razão para entrar nesta indústria não era querer ser famoso, ganhar prémios Era estar com pessoas fantásticas a ajudar os marketeers a resolver problemas das suas marcas e para melhorar a vida das pessoas. Esquecemo-nos disso, estamos mais cínicos e negativos. Ganhar prémios só significa que somos bons a ganhar prémios, nada mais”. E pergunta: “Qual foi a última vez que chegaram à casa e disseram ao vosso filho de cinco anos que fizeram algo que vai dar-vos um leão de bronze em Cannes e ele ficou maluco?” Nova explosão, desta vez de palmas.
“Ou reconduzimos os nossos valores e os recuperamos ou morremos”, sentenciou. “Temos a responsabilidade de guiar os nossos clientes neste tempo difícil mas não suamos a fazer isso, estamos a confundi-los, estamos a enchê-los de bullshit e a culpá-la por não perceberem nada e que nós é que somos os espertos”, criticou. O Palais ainda está de pé. Mas apostamos que Philip Thomas não estará muito satisfeito.”
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