É da natureza humana assumir, até inconscientemente, que o jeito que as coisas estão é o jeito que continuarão. Tanto na pior das situações, quanto na melhor. É uma acomodação ao status quo. Se a maré está boa, esquecemos que os ventos mudam. Se a maré está ruim, idem. Somos sempre fatalísticos. O que está não vai mudar. A realidade é outra.
Foi assim que nossos governantes pensaram em relação à subida dos preços das commodities. E mais convictamente quanto à arrecadação de impostos do governo federal. Em ambos os casos, o vento mudou. Porque estou tratando disto agora?
Tenho lido e assistido análises sobre as origens de nosso estado/Estado deficitário e o que podemos esperar para os próximos meses. O ministro Joaquim Levy, nesta semana, teve que engolir a redução da meta de superavit primário de 1,2% para 0,2%, ou seja, a nova meta é 1/6 do número que ele mesmo já considerava baixo, mas que entendeu que era o possível negociar. Nem isso.
Muito bem, e agora Joaquim? Agora, meus caros, é arrumar receita porque nos gastos "não se mexe mais", assim deve ter vaticinado "O Poste".
Em algum destes lidos e ouvidos, fui chamado a atenção para o fato de que a farra do PT, além das tais commodities, se valeu fortemente do aumento da arrecadação dos impostos federais. Pois bem, fui buscar os números e vejam o que encontrei (no site da Receita Federal): de 2004 para 2013, o aumento foi de... 253%!!!! Saiu de 322,5 bilhões de reais para 1,13 TRILHÃO!!! Isto fez com que a participação no PIB destes impostos subisse para 23%, um crescimento em torno de 40% desde o final dos anos 90.
É pouco? Quer mais? Não vai ter mais não. A avaliação é que, além da óbvia redução pela queda da atividade econômica esperada para este e para o próximo ano, os aprimoramentos promovidos no cerco à sonegação já deram os frutos possíveis. A fonte da farra secou e as projeções de queda do PIB e subida da inflação aumentam semana e sim e outra também.
O que resta a Joaquim? Aumentar as alíquotas de impostos. E foi o que garantiu fazer em entrevista a Miriam Leitão. Para ele é líquido mas incerto apenas porque sua proposta depende de aprovação do Congresso. Ah! Um detalhe: a carga maior recairá sobre o setor de serviços, até porque a indústria, automobilística à frente, continua a receber malabarismos para garantir, é o que eles dizem, o emprego "dos companheiros".
Prestador de serviço em especial, portanto, mais do que ficar alerta, previna-se.
Esmiuçar a notícia, ler as entrelinhas, iluminar o obscuro. Revelar as intenções da mídia, de políticos e de outros de vida pública, para iludir incautos em proveito próprio. Expor a hipocrisia que nos cerca e envolve, nos cega e conduz, e nos ajuda a tocar a vida de um jeito "me engana que eu gosto".
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