sábado, setembro 24, 2022

DELEGANDO O VOTO

  

Existe uma parcela da população que, por razões diversas, forma o contingente de não-eleitores. Eles preferem se isentar da responsabilidade de fazer uma escolha, então votam em branco, ou anulam o voto, ou simplesmente ficam no sofá acompanhando a cobertura da TV com suas previsões distorcidas, digo, de torcida.

Neste pleito de 2022, temos como pano de fundo o mesmo de 2018, qual seja o de uma polarização entre o que se convencionou rotular de esquerda e direita, mas que, hoje no Brasil, quer dizer apenas lulismo e bolsonarismo, dado que a maioria dos cidadãos não tem a mínima ideia das diferenças entre os dois lados dessa moeda que vende ilusões e compra votos.

Ouço dizer de gente que se diz indecisa. Percebo que entre estes há os que o são por amnésia opcional, pois assistiram durante anos o que a Lava-Jato lhes esfregou na cara, mas, por alguma razão que não sou capaz de entender, optam por uma hipocrisia espiritualmente conveniente.

Há também os que o são por um entendimento rasteiro, superficial, do que deve ser a razão do voto. Apegam-se à aparência do candidato como se estivéssemos num concurso de misses, ou de quem fala mais bonito. Esquecem que as pessoas passam, mas não as consequências de suas ações, principalmente em se tratando das que afetam um país inteiro, no caso do Brasil, a mais de 212 milhões de seres humanos.

Há os que ficam em casa por covardia. Não têm opinião de nada, mas, não fazendo uma escolha, se sentirão livres para serem contrários a tudo que o eleito vier a defender, propor ou fazer, não importando quem ele seja. Jogar pedra é seu esporte favorito até o dia em que uma outra pedra, atirada por um seu “semelhante”, lhe atinja.

Existem motivações ainda piores, como a do infantil, imaturo, irresponsável, voto de protesto. Se seu voto é secreto, você pode me dizer quem saberá de seu protesto? E mais, qual a relevância dele para o resultado do pleito? Ainda pior talvez seja o quem brada não votar porque “não gosta de política” e então fica em casa esperando as consequências do voto dos que foram às urnas. Não percebe que não há como se eximir, pois as consequências recairão sobre todos os que delegarem seu voto. Isto é inexorável.

Lembro que TODAS as eleições recentes vencidas por representantes do socinismo[i] o foram graças aos 30% ou mais de “isentões” que ou não foram votar, ou votaram em branco, ou anularam o voto.

Mas ainda há os que se isentam optando por votar em que não tem a mínima chance de vencer neste momento. Este não será um pleito em que vários candidatos estão em um mesmo patamar de chances. Há um abismo de intenção de votos entre os que aparecem em 1º e 2º lugar e os que aparecem a partir do 3º. E não importa quanto tendenciosas sejam as pesquisas, pois os fatos diários são incontestáveis. É um direito inalienável o eleitor votar em quem ele bem entenda. Ele apenas deve estar consciente de que esta é uma eleição de caráter plebiscitário e seu voto em uma “fracassada 3ª via” é tão nulo quanto o efetivo voto nulo. Há que se acrescentar o efetivo risco de fraude que paira como nuvem negra no processo eleitoral deste ano e, cada voto não avaliado sob a ótica do que apresento aqui, poderá significar uma contribuição para um resultado que não espelhe a “verdade” das urnas.

Esta não é uma eleição para presidente onde se avalia se gosto ou se não gosto de A ou de B, mas sim para qual futuro vamos dar nossa contribuição. As ideias e propostas dos dois candidatos são diametralmente opostas. Suas personalidades não têm a mínima relevância. Eles são representantes – e agentes – de um contingente de interesses nobres ou não que assumirão todas as instâncias do Estado brasileiro. Nossa ação ou inação será a opção entre, de um lado, princípios de liberdade de opinião, democráticos, liberais e capitalistas, e de outro, o desejo de censurar o direito de opinião, de nos colocar mordaças de todo tipo, de implantação de uma ditadura do proletariado, de tirania, de controle do Estado, do fim da propriedade privada, do comunismo enfim. Tanto nós quanto o eleito e seus asseclas e discípulos, passarão, mas nossas decisões integrarão os registros da história que será contada. Que herança política queremos tentar deixar para nossos descendentes? É disso que se trata. Precisamos desviar o olhar da ponta de nossos pés e o direcionarmos para o horizonte. Nesta manhã de 2 de outubro de 2022 qual será a cor do céu que estaremos vendo? 


[i] Socinismo é o termo que criei para sintetizar os preceitos políticos do socialismo e os preceitos econômicos do comunismo.


4 comentários:

  1. Parabéns pela forma cristalina que a atual situação eleitoral foi colocada. Momento decisivo para o futuro do País.

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  2. Obrigado Luís Antônio, vamos torcer para que os argumentos que expus cheguem a um bom número de indecisos.

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  3. Valeu Paulo
    Excelente artigo
    Abraço

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  4. Muito bem colocado. Que o céu esteja verde e amarelo nesse domingo.

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