“Há em cada Estado uma margem de
obediência que se ganha apenas
através do uso da força ou
através da ameaça do uso da força.”
A história da sociedade humana é a história da relação entre os que buscaram o poder e os que a eles se submeteram por proteção à vida. A evolução desde nossos ancestrais primatas até o homo sapiens moderno pelas graças do mecanismo da seleção natural, resultou em uma espécie frágil e dependente de proteção. Humanos levam mais de 12 meses para se firmaram sobre duas pernas e levam vários anos para serem capazes de se autossustentarem.
Sou crítico dos que agitam a bandeira da liberdade como o maior valor do ser humano. Não, não é. Liberdade é um valor necessário para relações sadias e produtivas entre os membros das “tribos” e entre as tribos. O maior valor para um ser, particularmente o humano, mas não só, é o da preservação da vida. A quase totalidade dos humanos [1] abre mão de sua liberdade num piscar de olhos se tal renúncia garantir, ou pelo menos, prometer lhe preservar a vida. A maioria de nós, certa e rapidamente, abrirá mão da liberdade – qualquer que seja ela – para manter a vida, seja a própria, seja a de alguém que ama, seja até mesmo a título de uma suposta defesa de uma pátria que só existe no papel e na imaginação.
Com o advento do trabalho e das interrelações a ele inerentes, a prioridade quanto a “preservar a vida” passou a abranger, para cada indivíduo, a manutenção das circunstâncias que lhe são benéficas, de eventuais privilégios, enfim, de seu “status quo”. É esta premissa de preservação da vida que justifica uma pessoa não se arriscar a se demitir de um emprego que lhe faz mal física ou mentalmente; de funcionários públicos se rebelarem quando da ameaça de perda de “direitos adquiridos”; é a razão de profissionais, especialmente jornalistas, adequarem suas opiniões públicas – e mesmo privadas -, à opinião de seu empregador; e, sob o mesmo mote, políticos que, depois de eleitos, abandonam suas “convicções” e seus eleitores em prol de um padrão de vida que jamais terão em outra condição.
Antes de continuar preciso explicar a diferença de significado entre “poder” e “phoder”, grafia que venho também usando há algum tempo. O Poder, como entidade, é legítimo e absolutamente necessário em todas as atividades da vida em sociedade. Poder, em sua essência, é a capacidade de fazer, de liderar, de comandar, de ensinar. Um cirurgião tem a capacidade de realizar uma intervenção de cura; um administrador tem a de liderar diferentes profissionais para o atingimento de metas; o general a de comandar um exército em uma batalha em obediência a uma estratégia de defesa previamente definida; e pais e professores têm, em conjunto, a nobilíssima tarefa de formar crianças para uma vida adulta sadia. Quando uso, portanto, poder, estou me referindo a uma instituição necessária à continuidade do funcionamento da humanidade como é hoje. Entretanto, o poder, em todas as circunstâncias, não só nas acima citadas, é exercido por diferentes humanos, providos de diferentes genéticas que regulam suas ações e reações, seus desejos e instintos, seus corpos e suas mentes. A psicopatia, um distúrbio da mente que se define pela insensibilidade e falta total de empatia com o outro, todos os outros, permite a um cirurgião ser um assassino frio, um administrador ser um corruptor em busca de objetivos escusos; um general sacrificar milhares – até milhões – de jovens por puro desejo de conquista de território; pais a impingirem castigos cruéis, e professores a substituírem formação de jovens para a vida por lavagem cerebral a partir de seus desejos de imposição de uma verdade ideológica. É sempre a este exercício doentio, patológico, que denomino de “phoder”, pois sua única intenção é realizar o que preciso for exclusivamente em benefício próprio, independente de quanto prejuízo e sofrimento provoque em outros.
Afirmei que a história da humanidade pode ser contada pela história do poder, mas, muito mais pelo “phoder” do que pelo poder. Na realidade, a história da humanidade foi conduzida sob uma relação sadomasoquista. No lado “sado” uma minoria tirânica disposta a tudo para se manter no topo da pirâmide. No lado “maso” um rebanho de crentes e medrosos, ambos submissos em função da preservação de suas vidas.
Todo este blá-blá-blá até aqui é só para tentar mostrar aos inocentes úteis que não é direita ou esquerda, não é democracia ou ditadura, não é exército ou salvador da pátria, não é pobre ou rico, não é Estado ou mercado. É só “phoder”, mané!
Ok, quem sou eu para fazer tal afirmação!?
Pois bem. Leia o livro “Democracia, o Deus que falhou”, de Hans-Hermann Hope. Não tem paciência, tem preguiça, não tem dinheiro? Ok. Então acesse o extrato que fiz [2] . De qualquer forma, mesmo que você não venha a concordar comigo, sua visão de como a banda toca o mundo, vai, no mínimo, mudar muito (depois me conta!).
Aceitando ou não essa minha indicação de leitura, você precisa assistir o documentário “O Grande Despertar”, de Mikki Willis [3] . Por si só é arrasador e desmantelador das narrativas políticas atuais, mas combinado com “o Deus que falhou”, vai detonar sua visão idealista do mundo, esteja você identificado com ideias à direita ou à esquerda.
Espero ter oferecido algo para seu crescimento intelectual. Para quando você ouvir a expressão “para o bem da sociedade”, e outras similares, você saia correndo.
Vou chegando ao final citando duas falas do documentário:
“A verdadeira mudança lá fora, começa com a verdadeira mudança interior”.
Esta outra se refere aos americanos, mas cabe a nós: “Hoje, somos verdadeiramente um povo privilegiado, numa terra privilegiada. Mas com as bênçãos vêm as responsabilidades, e com as responsabilidades vêm os riscos. O desafio do nosso tempo é que devemos aceitar ambas as atribuições, das nossas bênçãos e os riscos envolvidos em defendê-las, por nós mesmos e pelas gerações futuras, e devemos fazê-lo sem hesitação se quisermos ser beneficiários dignos daquela preciosa herança de liberdade que nos foi transmitida através dos sacrifícios épicos daqueles que partiram antes.”
Encerro com George Orwell, o mais referenciado futurólogo e premonitório:
“A forma mais eficaz para destruir as pessoas, é
negar e obliterar a sua própria compreensão da sua história.”
1
– Há, evidentemente, uma certa cota de heróis, aqueles que se arriscam a perder a vida em benefício de outro ou de uma causa, mas estes são uma parcela muito pequena.
2 – A leitura do extrato não substitui a leitura integral da obra. Quaisquer conclusões e inferências feitas pelo leitor é de sua exclusiva e inteira responsabilidade.
3 – Acesse o filme neste link (duração de 1h41m): https://rumble.com/v2sw69g-filme-the-great-awakening-2023.html
Suas colocações e pontos de vista são muito importantes para que possamos refletir sobre esse momento desconhecido que estamos vivendo !
ResponderExcluirA bolha da desinformação do país estourou ... Até os fortes estão receosos do que mais está por vir ,
estamos acordando na porra@da 😶
O Lacombe define exatamente o que o país se tornou , seremos mesmo vítima dessa gente nefasta ? Ou somos um povo com milhões de patriotas inertes ? somos vítimas ou algozes de nós mesmo ?
ResponderExcluirPrezado Anônimo, não é "ou", pois somos seres dicotômicos, carregamos sempre, em relação a tudo, os dois estados, matéria e anti-matéria, vítima e algoz. É a vida. Agraço e fique bem.
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