Estou orgulhoso do Brasil. Dos brasileiros que foram às ruas pacificamente pedir o fim de um governo que jogou o país na mais profunda recessão de sua história. Orgulhoso de tantos jovens, juízes, promotores do Ministério Público e agentes da Polícia federal que, reunidos em uma força-tarefa, se comprometeram a levar para a cadeia políticos corruptos e falsos empresários(*).
Lamento profundamente a ação daqueles que, desprovidos de ideias contributivas para efetivas melhorias da condição de vida dos cidadãos, usam a baderna, a agressão e a depredação como voz de reivindicações desconexas surgidas ao sabor do interesse imediato em obter, sejam ganhos privilegiados, seja o poder por ameça à integridade física e desejos de autoritarismos de diversas formas, à esquerda e à direita.
Estamos, sim, perplexos com o que ouvimos nos noticiários. As quantias citadas parecem aumentar com o passar do tempo e com novos acordos de delação premiada. Em uma só dessas delações, ouve-se do interrogado algo mais ou menos assim: "Eu achava que tínhamos acordado 15 milhões de reais, mas ele me disse que não, eram 20 milhões. Então eu lhe dei mais 5 milhões". Como é simples! E o procurador geral Rodrigo Janot nos informa que "os irmãos Batista, da JBS, relataram o pagamento de propina a quase duas mil autoridades do país"!!!
Estou orgulhoso do Brasil. Somos o único país do mundo na atualidade que discute aberta e profundamente a natureza das relações entre o público e o privado. Aquilo que ao longo da história das nações sempre pertenceu ao mundo da hipocrisia, é exposto aos brasileiros em sua mais completa nudez.
Estou orgulhoso do Brasil. As novas tecnologias estão desestabilizando o status quo dominante. Enquanto nações desenvolvidas ainda se agarram a modelos do passado inócuos para solucionar as demandas provocadas pelas mudanças nos processos de comunicação, só nós, brasileiros, estamos sendo levados a pensar em novos sistemas, novas estruturas, novas formas de participação social e política que incorporem meios para a manifestação de todos. A democracia, como concebida no passado, não é mais um sistema de governo capaz de nos gerir com eficácia na complexidade do mundo pós-moderno.
Para uma nova democracia, precisamos de novas ideias. Precisamos de novas mentes. Precisamos de mais jovens comprometidos com o país. Para tanto, precisamos de um novo sistema que crie estímulos para que os psicopatas não se sintam mais atraídos a tomar o poder. Precisamos criar estímulos ao envolvimento político de cidadãos essencialmente altruístas, que pensem primordialmente no outro - este é o papel do político -, ao contrário dos psicopatas que exclusivamente pensam em si mesmos.
Não importa quanto mais venhamos a conhecer sobre como se relacionam Poder e Corrupção. Onde existir poder, haverá corrupção. E onde há corrupção significa que as ações do poder estão direcionadas a um grupo restrito de beneficiados. A corrupção tem mil vidas, ela não se acabará jamais. Nos resta, portanto, trabalhar em duas frentes: criar uma nova classe de políticos e reduzir os estímulos à corrupção (**).
Estamos dando os primeiros passos neste processo pioneiro entre as nações. Estamos só nas primeiras etapas a caminho do fim da desconstrução do mal. Muito temos por fazer para construir o bem. Muito vamos fazer.
Estamos dando os primeiros passos neste processo pioneiro entre as nações. Estamos só nas primeiras etapas a caminho do fim da desconstrução do mal. Muito temos por fazer para construir o bem. Muito vamos fazer.
Estou convicto que vou continuar a me orgulhar do Brasil.
(*) Empresário verdadeiro é aquele que aceita competir correndo os riscos inerentes à sua atividade. Os que jogam sujo e aceitam se locupletar com políticos para ganhar vantagens competitivas não podem ser referenciados como empresários, a estes sempre é necessário preceder o substantivo empresário com o adjetivo "falso".
(**) Vou expor minhas ideias sobre estes caminhos em próximos textos.
(**) Vou expor minhas ideias sobre estes caminhos em próximos textos.
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