Neste sábado, 18 de setembro de 2015, em editorial, O Globo se farta de hipocrisia.
Já no título anuncia o escorregão: "INSTITUCIONALIZA-SE O CAIXA DOIS ELEITORAL". Então, feito Jack, vamos por partes.
1 - Caixa dois sempre existiu. Então, não "institucionaliza-se" agora. Acima de determinada quantia de doação, nem partidos, nem políticos, na maioria, querem que alguém saiba quem contribuiu, sejam pessoas jurídicas ou físicas. Não vale citar o PT, pois este, como todos os dias somos lembrados, não tem limites, pois para todos os milhões sugados de Petrobras et caterva, a afirmação é sempre a mesma: "toda contribuição foi legal".
2 - O editorial tenta desqualificar o argumento de que empresas não votam. Mas a realidade é que... empresas não votam! Empresas não votam porque não pensam, não têm consciência, só pessoas. Empresas têm interesses de negócio a partir de estratégias aprovadas em diretoria. E ponto final. Empresários, sócios, donos, presidentes, diretores, gerentes, e a maioria de seus trabalhadores, votam. Ao contrário do pensamento manifesto por Roberto Jefferson em "Nervos de Aço", não vejo qualquer possibilidade de legitimidade em uma empresa doar recursos para campanhas políticas.
3 - O Globo não lê O Globo. Quer a prova? Acesse esta matéria de 3/7/15 com o título "Cinco delatores já disseram que doação oficial era propina".
4 - O editorial manifesta o receio de que os partidos políticos vão partir para a aprovação de mais verbas públicas para o financiamento total das campanhas. Peraí! Deixa ver se eu entendi direito: o editor chefe está defendendo a propina como melhor solução!!!???
5 - Na mesma linha, diz que o fato do PT estar, agora, contra o financiamento privado, é porque está de olho na aprovação do voto em lista fechada. Repito a pergunta: o editor chefe está defendendo a propina como um melhor sistema eleitoral porque não tem argumentos para defender qualquer outro sistema!!!???
6 - Sim, o editorial está certo quando diz que "a decisão do STF não eliminará a influência de empresas nas eleições". Mas para que servem Polícia Federal, Receita Federal e, principalmente, COAF, autarquia que até aqui fez vista grossa para sua principal obrigação, qual seja a de identificar origem e destino de movimentações financeiras?
7 - Se aproximando do final, faz uma proposição infantil: "O melhor teria sido manter na legalidade a doação empresarial, para facilitar a fiscalização e dar transparência aos apoios"!!!! Hein!? Como é!? Está tentando enganar quem? Por outro lado, isto vindo de um editorial do jornal da maior empresa de comunicação do país, das maiores do mundo, não fica parecendo que está argumentando em interesses e causas próprias?
8 - E termina com um último parágrafo: "Mas o STF preferiu a proibição total, como se fosse possível". Não, não é possível. Como não é possível acabar com a corrupção, ou com a pobreza, ou com qualquer outra coisa da vida. Rigorosamente, esta não é a questão. O que se quer é que seja menos podre do que é hoje.
Não sabemos, ainda, como construir um sistema com financiamento público e privado do eleitor. Será uma nova experiência. O que importa é que sempre tivemos o financiamento por empresas e deu no que deu.
Se vamos continuar, como parece querer O Globo, fazendo do mesmo jeito, vamos continuar a obter o mesmo resultado.
É simples assim!
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