quarta-feira, setembro 28, 2016

A ÁGORANET


O modelo de democracia surgido em Atenas, no século V d.C., foi uma proposta em oposição à aristocracia - o governo exercido continuadamente por um grupo de "nobres", gente que se auto considerava "melhor" que a maioria. Esta, que bem caberia chamar de democracia do "demo", perdurou explícita até o século XIX, a partir de quando se revestiu de uma camada de hipocrisia para esconder sua verdadeira natureza, em resposta às pressões populares por maior participação. Deu-se o direito de voto às mulheres, reduziu-se a idade mínima, consagrou-se o sufrágio universal, o "povo" aquietou-se e tudo continuou como antes. Não há diferença alguma entre o que acontece hoje e o que acontecia 15 séculos atrás. O noticiário de todo dia nos comprova que somos massa de manobra para os interesses de uma oligarquia agarrada ao poder.


A evolução de tecnologias que permitiram o surgimento da Internet, mecanismo de comunicação irrevogável, incancelável, indomável, incontrolável, vinte e poucos anos depois nos mostra no horizonte, se não um novo modelo de democracia, um novo sistema, um novo conjunto de regras para sua prática. 

Não sou dos que acreditam em panaceias. Nem em líderes carismáticos. Muito menos em salvadores da pátria. Nem em regimes ideais. Ou em uma Terra Não-Prometida de políticos honestos. Acredito em movimentos pendulares, em jogo de forças contrárias cujo objetivo seja o equilíbrio temporário até que novas variáveis surjam. E a Internet é, inequivocamente, a variável que obriga a uma revisão total da política, não só, mas principalmente, dado que afeta a todos os cidadãos do mundo, independente de qualquer diferença a que se possa recorrer.

Se iniciei referindo-me à democracia, o foi apenas porque é o que temos. Mas todos os sistemas - monarquias, ditaduras, autocracias de qualquer viés, repúblicas de ideologias de "ismos" da ponta esquerda à direita, e economias estatizadas ou privatizadas -, estão sendo, e o serão mais ainda, forçados a uma revisão de cabo a rabo. De cima a baixo. De fora para dentro e vice-versa.

Ao longo das nossas décadas de vida ouvimos insistentemente o discurso de que "o povo" não se envolvia. Que "o povo" não sabia votar. Que "o povo" não sabia nem mesmo em quem tinha votado na última eleição. Etc. Isto começa a mudar. As redes de relacionamento, a possibilidade de participação divulgando ideias por meio de blogs (como este, por exemplo), a facilidade com que se obtém informação sobre tudo apenas com alguns cliques, e as consequências disto na formação de uma consciência política, já estão em curso.


Os políticos irão resistir, irão escorregar, irão imaginar que na madrugada poderão colocar um artigo que os anistie de qualquer passado, presente ou futuro. Mas no fim, mudanças ocorrerão. A incorporação, por algum método, das opiniões populares serão consideradas em um novo nível de relevância. A descentralização da participação política, criando representação no nível de comunidades e de bairros; a implantação de um formação estruturada e específica a cada nível - executivo e legislativo -, capacitando o cidadão a concorrer a um determinado cargo, a exemplo do que é para o poder judiciário; a limitação do número de legislaturas; no nosso caso, o fim do presidencialismo de cooptação com a opção por um parlamentarismo moderno, que responda à dinâmica dos complexos interesses envolvidos nas relaçãoes entre as nações e que se desnvolvem em ritmo frenético; a volta da municipalização dos recursos de modo a que as prioridades sejam melhor definidas e resolvidas; o voto distrital; a frequência de consultas aos cidadãos, antecipadas ou postecipadas, através de plebiscitos; e a revalidação periódica de mandato, são temas que serão objeto de debate, testes e implantação do que for identificado como promissor.


Já apontei em outra postagem que a Ágora dos Atenienses do século V está de volta em um novo formato. Não precisamos mais ir às praças assistir comícios, levantar o braço em aprovação, ou o apontar o polegar para baixo em desaprovação. A ágora do século XXI é a ágoranet que se desenrola agora e aqui, neste blog, em outros blogs, nas redes sociais, nos muitos sites de projetos que estão acontecendo (alguns exemplos abaixo), nos mecanismos de pesquisa, e na possibilidade de qualquer um de nós clicar em "comentários" e expor nossa opinião.

Não tenho dúvida de que todos os modelos serão revistos, pois isto já está acontecendo.


Neste mês de setembro/16, em um dos programas Cidades e Soluções, da Globo News, foram mostradas iniciativas que respaldam o que estou afirmando.   Neste link você tem apenas os 5 minutos iniciais. Para assistir todo o programa você precisa pesquisar no site GloboNews Play.

Resumo aqui as principais iniciativas citadas no programa.

REDE NOSSA SÃO PAULO - www.nossasaopaulo.org.br/
Objetivo principal: fazer valer a Lei das Metas (Prefeito eleito tem 90 dias para declarar seu programa de metas.) já aprovada (em SP em 2008), também em mais de 50 municípios e que se encontra à espera de votação para aplicação no nível federal.

OBSERVATÓRIO DE INDICADORES - http://observasampa.prefeitura.sp.gov.br/
Traz indicadores de mais de 5 mil municípios.

PORTAL MEU MUNICÍPIO - https://meumunicipio.org.br/
Informa origem das receitas e destinação.

TRANSPARÊNCIA BRASIL - www.transparencia.org.br/


  • Projeto: EXCELÊNCIAS: www.excelencias.org.br - Histórico de atuação dos políticos
  • Projeto: MERITÍSSIMOS: http://www.meritissimos.org.br/stf/index.php
  • Projeto: ÀS CLARAS - www.asclaras.org.br/Banco de dados e análises sobre financiamento eleitoral no Brasil.
  • Projeto: CADÊ MINHA ESCOLA - aplicativo do Transparência Brasil premiado pelo Google
PROJETO POLITIQUÊ?: www.projetopolitique.com.br - Promover a educação política suprapartidária e o empreendedorismo cidadão como formas de construção de uma sociedade mais participativa.

MAPA EDUCAÇÃO: mapaeducacao.com - O Mapa quer que todos os brasileiros tenham acesso a uma educação de qualidade e acreditamos que o jovem deve ser o protagonista dessa mudança.


CODE FOR BRAZIL: http://www.openbrazil.org/ - Nós somo uma comunidade com foco em tecnologia, fomentando o ecosistema de inovação cívica para melhorar a qualidade de vida em todo o Brasil.

VIZIN (aplicativo para celular): http://www.vizin.com.br/ - Unindo o bairro por uma vizinhança mais segura

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