Neste 22 de setembro de 2016, Guido Mantega foi preso e solto, ambos temporariamente, por ordem do Juiz Sérgio Moro.
Por uma incrível coincidência, nestes últimos dias vinha me perguntando sobre o fato, para mim curioso e revelador, de em todo esses mais de 18 meses de questionamentos sobre a origem da situação econômica do país, não se ouviu qualquer mínima manifestação de Mantega. Ele não foi um qualquer, ele foi o Ministro da Fazenda, o executor das políticas econômicas de Dilma em todo o período em que ela esteve no poder. Foi com a iniciativa dele, ou da submissão dele, ou com a anuência dele, que estamos na situação econômica que estamos e da qual vamos levar uma década para nos recuperarmos. Apesar disso, seu nome foi ignorado até hoje por todos, inclusive pela imprensa.
Mais do que isso. Antes de servir a Dilma, ele foi ministro da Fazenda e depois do Planejamento do governo Lula. Não só. Entre 2004 e 2006, foi presidente do BNDES, onde qualquer propina de 0,5% sobre um empréstimo liberado é um valor na casa dos milhões. Mais revelador ainda, ele foi, também e paralelamente no governo Dilma, de março de 2010 até renunciar em março de 2015, presidente do Conselho de Administração da Petrobrás!!! Entendam bem, o que se pode esperar de um presidente de Conselho de uma das três maiores petroleiras do mundo que também é o Ministro da Fazenda do governo? Qual a chance de os interesses da empresa poderem ter sido contrários aos interesses do governo? Novamente, apesar disso seu nome foi ignorado e seu silêncio mantido sobre tudo, desde política de preços de combustíveis até as decisões sobre Pasadena e Belo Monte.
Tendo estado sentado em cadeiras de tanto poder e influência, só se pode admitir que tenha se mantido afastado de qualquer minima visibilidade, e se imposto tamanho silêncio, pela única razão de temer ser confrontado com perguntas constrangedoras porque as respostas, se verdadeiras, seriam incriminadoras.
Guido Mantega tudo sabe. Tanto quanto sabia Luiz Gushiken ocupando a SECOM de 2003 a 2005, período em que o mensalão foi o principal propinoduto alimentado por verbas publicitárias para campanhas duvidosas ou inexistentes autorizadas por ele.
Muitas perguntas Mantega terá que responder à Nação. Entre elas, a que considero como primeira. O que lhe dava a certeza de que ligando para Eike, naquele momento tido como o maior empresário brasileiro, posição alcançada por métodos e meios que desconhecemos, seria atendido prontamente ao lhe pedir "educadamente" 5 milhões de reais para o PT? Que contrapartida nosso, hoje, o mais quebrado empresário brasileiro, obteria por gesto tão magnânimo? Ou será que antecipadamente já a obtivera e por isso teria sido tão prontamente solícito?
Guido Mantega tem muito a dizer. Dirá? Manterá seu silêncio? Vamos aguardar. O que vale agora é que finalmente um ator principal da grande peça petista adentrou o palco.
Vamos aguardar sua performance.
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