quarta-feira, abril 01, 2020

A HIPOCRISIA DOS CANALHAS

Neste dia da mentira, cuja verdade em alguns países é a verdade da proibição de contar uma mentira, nunca os canalhas se mostraram tanto quanto até aqui. Desde o pedido de impeachment protocolado na Câmara pela deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP) - uma peça rara de hipocrisia a ser catalogada nos anais das idiossincrasias da República -, até os noticiários do grupo Globo embalando com carinho o "quanto pior, melhor", passando pelas decisões oportunistas e politiqueiras de governadores derramando sangue e fel pelo canto de suas bocas, todos manipulando o caos em proveito descaradamente próprio (nem mesmo se importam com o ridículo a que se expõem).

A democracia da deputada não cobre o direito de o Presidente ter opinião diferente dela e do grupo de "aloprados" que a convenceram a fazer o papel de boi de piranha, sem a mínima vergonha na cara de não irem junto, sabedores da piada de 1º de abril em dia errado. Os editores dos jornais do grupo Globo e os jornalistas sem-caráter, que por sincera adesão ou falta de coragem se recusam a "pedir pra sair", manipulam as notícias como aquela do Prefeito de Milão que se "arrependeu" de ter se manifestado inicialmente "contra o isolamento total", esquecendo-se, todos, intencionalmente, de informar o intenso intercâmbio desta cidade, centro ocidental de criação de moda, com Wuhan, centro Chinês de moda. Não informaram que o ano novo chinês, celebrado no dia 12 de fevereiro, levou os chineses residentes em Milão a viajarem para o feriado e da China voltarem devidamente infectados. Não bastando, não lembraram aos telespectadores o fato da estrutura de atendimento de saúde ser absolutamente insuficiente para tal volume de infectados. Já a performance midiática de Doria e Witzel atingiu os mais altos níveis que o ridículo pode alcançar. Creio que nas próximas eleições a que se candidatarem, as mídias sociais farão todos lembrarem do que fizeram neste 2020 de Covid-19.

Os canalhas oportunistas tentam transformar a visão de Bolsonaro a favor de uma quarentena menos restritiva, em mais uma ameaça dele à democracia, quando graças ao Presidente, graças à sua tenacidade, graças à sua tendência ao confronto de ideias, todo cidadão brasileiro está podendo, além de refletir sobre as melhores atitudes a tomar nesta crise monumental de saúde - tanto no âmbito pessoal quanto governamental -, expor o dano à sua situação particular frente à determinação radical de uma quarentena horizontal. A hipocrisia é tão grande, que fingem não enxergar que há muito estamos praticando um modelo vertical que vem se ampliando semana a semana. Categorias inteiras de atividade estão trabalhando até mesmo em ritmo muito mais intenso. Entre elas estão todos os profissionais da saúde, da segurança, da limpeza pública, do saneamento básico, caminhoneiros, restaurantes, todas as atividades da pecuária e agro-indústria, a cadeia responsável pela logística de levar o alimento do campo à mesa de cada lar brasileiro, supermercados, lotéricas, os moto-boys, os taxistas e uberistas, as farmácias, a indústria farmacêutica e química, a de equipamentos médicos e outros necessários à continuidade de atividades que simplesmente não podem parar, as empresas de tele/comunicação,  etc. etc. etc. Mas os derrotados por Bolsonaro ignoram os fatos que não lhes são convenientes, pois nada mais interessa além de atacá-lo.

O Presidente, com seu alerta sobre o momento imediato pós controle da pandemia - ele virá inevitavelmente - fez toda uma cúpula de governo pensar mais, buscar alternativa, se conscientizar mais, e descobrir o que realmente é prioritário fazer. Este é o caminho que estamos vendo o país seguir. É adquirindo novos hábitos de higiene pessoal e de proteção individual no interrelacionamento, insistindo na quarentena dos idosos e daqueles com comorbidades que interagem negativamente com este vírus, e os governos envidando todos os esforços e investimentos no aumento da capacidade da infra-estrutura de saúde, que poderemos ter os menores índices de mortalidade e as maiores chances de rápida recuperação econômica. Mas isto será péssimo para todos aqueles que tiveram seus interesses profundamente afetados pela perda do poder e pela honestidade intransigente e rude de Bolsonaro.

De certa forma estou fazendo chover no chão molhado, pois, apesar de nada ainda sabermos sobre esse "vírus do capeta",  creio que estamos aprendendo dia-a-dia a nos defendermos dele e, com certeza, dos eventuais (ou quase certo) próximos de mesma cepa. Prova disto, é o interesse que nesta semana as redes têm mostrado sobre o que Michael Sandel nos fustiga com suas palestras na Harvard University. Para mim é quase surreal ver um mundo de gente se dando conta de que tomar decisões em situações que envolvem um ou mais de um outro, não é uma tarefa fácil. Tudo graças a uma quarentena forçada que nos obriga a pensar filosoficamente, a discutir questões éticas que nosso cotidiano não nos permite fazer.




Augusto Nunes: https://noticias.r7.com/jr-na-tv/videos/augusto-nunes-nenhuma-outra-doenca-tem-destaque-no-noticiario-monopolizado-pelo-coronavirus-30032020

24 palestras de Michael Sandel: Qual a coisa certa a fazer?
https://www.napratica.org.br/5-palestras-sobre-etica-leis-e-justica-pelo-mundo/

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